INÍCIO

23 fevereiro 2024

GOLPE DE 8 DE JANEIRO

INTENTONA FASCISTA 
08/I/2023

Não dá para separar a instituição do que aconteceu no 8/1, antes, durante e depois. No meu entendimento não existe isso que se chama de "ala legalista", o próprio rótulo é um equívoco, baseado numa projeção do passado. Claro que há militares não golpistas - inclusive conheço um que está sendo processado no âmbito militar pelas suas posições públicas contrárias ao que se chama de politização das Forças Armadas. Mas o que houve nas FFAA, desde 2014 pelo menos (e não foi diferente em 2023), foi uma ação da cadeia de comando. Uma ação Institucional.

A rigor o golpismo sempre esteve lá, em toda comemoração e ordem do dia com alusões ao golpe de 1964. Vejo diariamente vários tuítes, postagens de Facebook etc. de militares com a mesma ladainha de 64, atualizada agora para "conspiração socialista entre Xandão e a quadrilha do PT". Tudo público e à luz do dia, não precisaria nem quebra de sigilo para se chegar a esse material. Se forem pegar 1 por 1 com o mesmo conteúdo que vimos no documento de ontem, não sobra 20%. Com omissões, vamos para 0,00001%. 

De resto, o documento/ação de ontem, mesmo sendo um começo, tem problemas. O maior, a meu ver, é uma certa fragilidade na materialidade que liga a intenção golpista especificamente à noção de que dali saiu a organização do 8/1. Notem, por exemplo, que Heleno propõe a "virada de mesa" antes das eleições, e diz claramente que depois não adianta. É golpista? É. Mas isso serve de álibi para ele dizer que não teve nada a ver com aquilo que se fez depois do dia 1/11/22. 

Não sei, em termos jurídicos, o quanto dá para sustentar COM O MATERIAL APRESENTADO as evidências para as condenações - pelo menos sem o tipo de "manobra Triplex", se é que me entendem. Eu acho que tem muito mais coisa no material coletado e que não veio, e espero que chegue a nós.

Ainda assim, independente disso, a coisa é muito pior, pois efetivamente temos um caso, uma materialidade e um golpe bem concretos, mas que nem de perto são objeto do tal documento. O 8/1 está, de fato, produzido na cessão de todos os espaços - físicos, simbólicos e nos recursos - para a turba se galvanizar e disparar o gatilho. Onde? Quem? Como? No QG, com autorização e estímulo feito por declaração de Comandantes em 11/11/22.

Isso é mais efetivo e material que zaps, documentos com espaços em branco (já vimos isso em outro contexto, não?) e reuniões que AINDA NÃO APARECERAM (espero que tudo isso apareça sem dó nem piedade, para efetivamente não ficarmos na mão com outros desses vazamentos parciais, quando só entra quem se deseja que esteja lá). No entanto, o que temos até agora aponta para outra direção.

O que me parece realmente problemático é que, por incrível que pareça, todos que estão ligados diretamente a essa materialidade, a cadeia de comando que propiciou o QG, não só estão saindo ilesos como, mais do que isso, estão saindo dessa história como os que bloquearam a ação golpista. Como isso foi feito? 

A partir da seleção do material vazado que apontava uma suposta contrariedade de Braga Netto etc. (a) com a inação do Cmte Freire Gomes e (b) com a postura do atual (Tomás) em relação a Villas Bôas e conspiradores.

Mesmo que seja verdade esse bilhete (sinceramente aqueles prints têm questões que não estão elucidadas no documento, espero que sejam feitas ao longo do tempo), sua seleção aponta para a construção de um cenário mental - o da resistência melancia dos militares, o que é uma ilusão. É isso que se sobressai de toda aquela história - afinal, novamente, quem já não sabia que aquela panela era golpista? Quem não sabia em 2016 que Bolsonaro louvava na cara de todo mundo um torturador sádico, e nada fez a respeito? Para dizer o mínimo...


(Piero Leirner, por conhecer o assunto, estudioso que é do tema militar, tem consciência de que a manobra de 08 de Janeiro de 2023, Intentona fascista,  foi obra institucional que se insere no conjunto de atos de insubordinação.  É fato.  

O militar é bloco de centralismo de mando na absoluta verticalidade: hierarquia e disciplina. Não faz nada se não for mandado fazer.  

Contudo,  a instituição é uma abstração moderna.  É possível punir a instituição?  Em absoluto,  são os chefes militares que fazem a história da instituição castrense. 

Há uma marcha golpista desde 2014 (evento político-militar bolsonarista na AMAN) que se alinha à massa bolsonarista coberta e abrigada nos comandos militares de área para praticar o ataque às instituições civis. 
Quais os comandantes? É fundamental a punição dos militares golpistas para salvaguardar a instituição que é fundamental e perene  à defesa nacional. 
É Erro crasso transferir a responsabilidade para uma tal "ala golpista de farda", também,  é erro a culpabilidade da instituição. RQ).

Há muitas perguntas que, respondidas, são evidências, dessa hierarquia do golpe: 

Quem autorizou a permanência de bolsonarostas fanáticos em área militar? 
 


Print de trecho de entrevista à FSP em jan/23. 


Fonte 














IMAGENS LEMBRANÇAS