O café da manhã inglês tradicional com ovo frito, linguiça, chouriço, tomate frito, cogumelos, feijão branco, bacon, e torradas é uma instituição nacional na Inglaterra, Irlanda e Escócia e de descendentes de ingleses mundo a fora.
A palavra “full”, “cheio” (com sentido de completo) refere-se ao fato de que o prato estará cheio de diferentes tipos de alimentos e não que você obterá todos os ingredientes de uma vez (Adina, 2018).
Os itens mais importantes presentes no café da manhã Ingles são, os ovos, o bacon e acompanhados daquelas deliciosas salsichas britânicas curtas e grossas, carnudas e suculentas. Além disso, também poderá ter tomates grelhados, cogumelos fritos e, dependendo de onde você se encontra na Grã-Bretanha, vários outros acompanhamentos como feijão cozido e chouriço ("black or withe puddin") preto ou branco na Inglaterra.
Na Escócia, “potatoscones”, um tipo de pão ou bolo de batata inglesa, rápido e saboroso cortado em forma geralmente triangular e cozido ou assado na chapa. Na Irlanda, o “soda bread”, um pão rápido feito especialmente com leitelho (= creme azedo) e levedado com bicarbonato de sódio), ou “laver bread” um pão feito com algas, popular no País de Gales, também são itens presentes no desjejum (Adina, 2018).
Ovo frito (fried egg)
Linguiças (sausages)
Chouriço (black pudding)
Tomate frito ou grelhado (fried or grilled tomato)
Cogumelos salteados (grilled mushroom)
Feijão branco assado com molho de tomate (baked beans)
Bacon rashers (mais "carnudo" do que o brasileiro)
Pão torrado ou frito (Fried break, toast)
A maioria dos ingleses adora um café da manhã completo; você pode até viajar para o exterior, para os resorts mediterrâneos na Espanha, por exemplo, e encontrar esse prato essencialmente britânico disponível em cafés e restaurantes.
Café da manhã Inglês: ovos fritos, feijão branco ou marrom, linguiças ou salsichas inglesas, bacon, tomate grelhado ou assado com óleo de oliva, torrada amanteigada e chouriço.
Embora os processos de produção de salsichas tenham evoluído ao longo do tempo, os ingredientes reais usados em determinados tipos de salsichas permaneceram praticamente inalterados por centenas de anos. Entre as mais famosas salsichas britânicas estão as variedades Lincolnshire, Cumberland, Glamorgan e Wiltshire. A salsicha Lincolnshire contém carne de porco, ao contrário de carnes como boi ou frango, que são comumente encontradas em salsichas em outras partes da Europa. As salsichas contêm tradicionalmente pão amanhecido que é combinado com a carne de porco, embora o pão mais fresco seja frequentemente utilizado nas salsichas que agora são produzidas. As salsichas Lincolnshire também contêm sálvia, bem como pimenta e sal para dar sabor. Dessa forma, para manter o sabor devem ser frescas e consumidas dentro de pouco tempo depois de produzidas (spiegato).
As salsichas Cumberland têm o nome de um condado no extremo noroeste da Inglaterra, que desde então foi dividido e renomeado. Essas salsichas geralmente contêm carne de porco e pimenta-do-reino. Ao contrário da maioria das salsichas britânicas, as de Cumberland não são divididas em pequenas seções ou links. Em vez disso, os produtores de Cumberlands fazem uma longa seção de salsicha e os açougueiros cortam a longa salsicha em seções menores. Essas salsichas contêm uma porcentagem maior de carne do que a maioria das outras variedades de salsichas britânicas, uma vez que ingredientes como o pão, que são usados para aumentar a massa da maioria dos tipos de salsichas, não são comumente encontrados nas salsichas Cumberland (spiegato).
Às vezes também chamado de “fry-up”, o café da manhã inglês completo consiste em ovos fritos, salsichas, bacon, tomates, cogumelos, pão frito e muitas vezes uma fatia de chouriço branco ou preto (semelhante ao bloodwurst).
É acompanhado por chá preto puro ou com creme ou leite, ou café preto ou café com leite e torradas quentes e amanteigadas. Atualmente, o café da manhã também pode incluir outros itens, como feijão cozido e batatas fritas.
Chá preto puro
Chá preto com creme ou com leite.
Chá preto com creme ou com leite.
É tão popular na Grã-Bretanha e na Irlanda que muitos cafés e pubs oferecem a refeição a qualquer hora do dia como um "café da manhã durante todo o dia".
Também é popular em muitas nações da Commonwealth. Sobre a sua origem, a revista Country Life afirma: "A ideia café da manhã inglês como prato nacional remonta ao século XIII e às casas de campo da pequena nobreza.
Na antiga tradição anglo-saxónica de hospitalidade, as famílias ofereciam café da manhã fartos para amigos e visitantes, parentes e vizinhos.
"O café da manhã completo está entre os pratos britânicos mais reconhecidos internacionalmente, juntamente com bangers e purê, torta de pastor, peixe e batatas fritas, rosbife, assado de domingo e ceia de Natal.
Desjejum na terra da Rainha
O café da manhã tornou-se popular na Grã-Bretanha e na Irlanda durante a era vitoriana e aparece como um entre muitos cafés da manhã sugeridos no livro de administração doméstica da economista Isabella Beeton (1861).
Sua popularidade disparou após a Segunda Guerra Mundial e tornou-se um marco da classe trabalhadora.
O café da manhã completo centrado em proteínas é frequentemente contrastado (por exemplo, nos menus do hotel) com a alternativa mais leve e baseada em carboidratos de um café da manhã continental.
VALOR NUTRICIONAL
Linguiças (sausages)
Chouriço (black pudding)
Ovo frito (fried egg)
Tomate frito ou grelhado (fried tomato)
Cogumelos salteados (grilled mushroom)
Feijão branco assado com molho de tomate (baked beans)
Bacon (mais "carnudo" do que o brasileiro)
Pão torrado ou frito (toast)
A: café da manhã norte-americano e B: café da manhã Inglês.
Pelos ingredientes podemos ver que o café da manhã Inglês apresenta mais proteínas de diferentes fontes, ovo, carne (bacon) e embutidos: salsicha e ainda o chouriço, enquanto outros cafés da manhã mundo a fora, especialmente o café da manhã norte americano possui bem mais do que 60% - 70%, talvez até uma porcentagem maior de carboidratos. Assim, se puder escolher, faça um café da manhã do tipo inglês, com mais proteínas do que um café da manhã com mais carboidratos.
Mementum
Quando eu era criança minha família criava galinha, porcos e bovinos para termos leite e carne. Quando o porco chegava a idade do abate, na hora em que era morto o animal, o sangue era recolhido para fazer chouriço (black pudding).
Parece e é grotesco ver esse momento dos ingredientes da “comida” sendo preparados. Meu pai e minha mãe, por exemplo, não gostavam que nós, ainda crianças, víssemos essa parte da “matança”.
Depois, minha mãe e minha tia-avó Abigail, preparavam o chouriço com toucinho, e partes moles (cartilaginosas) do animal. Todas essas partes eram cozidas, e moídas, em um moedor de carne manual. Depois de tudo moído, essa massa era misturada com o sangue, o que formava uma pasta espessa. A essa mistura de carne, cartilagem moídos e sangue, acrescentava-se muitos temperos como salsinha, cebolinha verde, alho, e pimenta preta moída. Essa pasta era então colocada nos intestinos que foram anteriormente lavados e marinados em suco de limão e alho.
É uma maneira de não desperdiçar nada daquela vida animal, usando o sangue e os intestinos.
O que eu gostava mesmo, era de chouriço grelhado com ovo frito e torrada feita com pão caseiro que minha mãe fazia para o café da manhã.
Bacon, ovos, tomates, cogumelos, morcela negra, e feijões perfazem esse farto café da manhã Ingles. Um café da manhã inglês tradicional, também conhecido como café da manhã inglês completo, é uma cacofonia de carne, ovos, vegetais e pão que certamente o saciará durante o dia. Bacon, ovos, salsicha tradicional inglesa (bangers), morcela, feijão cozido, tomate, cogumelos e pão macio torrado, tudo isso se aconchega no prato. Aqui, pedimos feijão cozido Heinz enlatado, que está disponível em quase todos os supermercados da Inglaterra, mas se você quiser prepará-lo do zero, este feijão cozido inglês caseiro leva este prato a outro nível. Sirva esta refeição com chá inglês para uma experiência inglesa completa.
E morcela o que é? Morcela é um embutido tipo salsicha feita com sangue de porco ou vaca, cebola, aveia (ou cevada), ervas e especiarias e carne cozida moída. Também é chamada de morcela ou linguiça de sangue na Inglaterra, boudin noir na França e morcilla na Espanha é morcilha ou morcela no Brasil.
Back bacon? Nos EUA, o bacon é mais frequentemente considerado como as fatias gordurosas e entremeadas de barriga de porco defumada. Bacon traseiro, também conhecido como bacon canadense, refere-se ao bacon magro do lombo de porco, que vem da parte de trás do porco.
O Dia de Darwin é uma celebração para comemorar o nascimento (aniversário) do naturalista inglês Charles Darwin em 12 de fevereiro de 1809. O dia é usado para destacar as contribuições de Darwin à ciência e promover a ciência em geral. O Dia de Darwin é comemorado em todo o mundo.
Charles Robert Darwin
Charles Darwin nasceu em 1809, na
Inglaterra, filho de uma rica família
aristocrata. Mesmo contra o desejo de
seu pai estudou história natural e
geologia. Em 1831, foi aceito no navio
de investigação H.M.S. Beagle, que
partiu da Inglaterra com o objetivo de
descrever a cartografia do mundo e /apontar os recursos naturais que
poderiam ser aproveitados comercialmente. Ch. Darwin foi convidado a embarcar no HMS Beagle, não como naturalista, mas como acompanhante a mesa do Capitão Robert FitzRoy (Bento, 2009).
Robert McCormick, era o cirurgião a bordo e ocupou a posição oficial de naturalista do Beagle. Esta descoberta interessante foi feita pelo antropólogo Jacob W. Gruber e publicada no The British Journal for the History of Science em 1969.
Charles Darwin fez a viagem mais importante de sua vida (e uma das mais importantes da história da ciência) como companheiro do capitão, Robert FitzRoy. Você deve estar me perguntando, como assim “companheiro”? Ele já conhecia o capitão FitzRoy antes da viagem? Na verdade não. Ele conheceu o capitão do Beagle apenas 1 mês antes da grande viagem. Para entendermos o motivo desta situação incomum, devemos pensar de forma contextualizada. Viagens deste tipo era muito longas, onde o contato com amigos e familiares era mínimo. Além disso, a marinha britânica desincentivava o contado pessoal do capitão do navio com a tripulação de “nível inferior”. FitzRoy era relativamente novo (26 anos) e o último capitão do Beagle tinha se suicidado. Realmente não era um contexto favorável (Bento, 2009).
Robert FitzRoy (5/VII/1805-30/IV/1865)
Desta forma, Robert FitzRoy precisava de um companheiro de viagem. Mas não qualquer um. Já haviam outros passageiros extras no Beagle (um desenhista e um instrumentador), mas nenhum deles pertencia a sua classe social do capitão.
FitzRoy era um aristocrata de família nobre e precisava de alguém que tivesse uma origem próxima a sua. Sabendo desta situação, o grande mentor de Darwin, J. S. Henslow, enviou uma carta para o capitão indicando seu aluno aplicado como candidato a vaga. Foi assim que Darwin conseguiu subir a bordo do Beagle, mesmo sem ser o naturalista oficial da embarcação.
Viagem do HMS Beagle
Após uma série de desentendimentos científicos entre Darwin e McCornick, o naturalista oficial do Beagle retornou para a Grã-Bretanha, em 1832. Assim, o contato de Darwin com o capitão FitzRoy se tornava cada vez mais intenso e conflitante. E um dos principais motivos de conflito entre os dois estava no posicionamento de Darwin contra a escravidão.
Um livro lançado recentemente defende que este ódio de Darwin a escravidão teria sido um dos seus principais norteadores da ideia de um ancestral comum. Acho esse argumento um pouco fraco, pois eu consideraria mais como um motivo para ele não ter preconceitos quanto a origem comum de todos os seres humanos (não importando a raça) do que como uma inspiração.
Outro motivo para discussões frequentes entre Darwin e FitzRoy era a religião. Parece muito claro que o posicionamento de Darwin em relação ao cristianismo foi alterado nesta viagem, principalmente devido ao comportamento autoritário do capitão (cristão ortodoxo) e as suas coletas que mostravam que a natureza necessitava cada vez menos de um criador inicial. Gould considera que “(…) FitzRoy pode muito bem ter sido mais importante que os tentilhões, pelo menos como fonte de inspiração para o tom materialista e antiteísta da teoria evolucionista e da filosofia de Darwin.” Quase 30 anos após a famosa viagem, Robert FitzRoy não conseguiu escapar de uma tradição familiar. Suicidou-se a bala em 1865, encerrando de vez seu possível sentimento de culpa por ter “ajudado” Darwin a chegar a suas conclusões heréticas.
Como ele não tinha nenhuma atividade oficial e obrigatória a bordo do HMS Beagle, o tempo ao mar e em terra firme lhe permitiu explorar a vasta parte do mundo e os litorais de todos os continentes pelos quais passaram e atracaram.
A viagem lhe deu a chance de
recolher uma ampla variedade de fósseis e organismos vivos, além de observar
diversas formações rochosas em diferentes continentes. Essas observações
culminaram na elaboração da teoria da evolução das espécies, publicada,
pela primeira vez, em 1858, no livro Origem das espécies. Em sua autobiografia
ele destaca a viagem como o acontecimento mais importante de sua vida:
“Nessa viagem tive a primeira formação ou educação verdadeira de minha
mente. (…) As glórias das vegetações dos trópicos erguem-se hoje em minha
lembrança de maneira mais vívida do que qualquer outra coisa”, escreveu.
No ano que vem, batizado de Ano de Darwin, estão previstas comemorações,
em várias partes do mundo, referentes aos 200 anos de seu nascimento.
Charles Robert Darwin
O primeiro apoio ao evento veio de associações de pensadores livres, organizações humanistas e da Fundação para a Liberdade Religiosa.
Em 1999, o Freethought Alliance Campuse e a Alliance of Human Human Societies começaram a promover o Dia de Darwin entre seus membros.
A celebração do trabalho de Darwin e homenagens à sua vida foram organizadas esporadicamente desde sua morte em 19 de abril de 1882, aos 73 anos de idade.
Os eventos aconteceram em Down House, em Downe, ao sul de Londres, onde Darwin e membros de sua família viviam 1842 até a morte de sua esposa, Emma Darwin, em 1896.
Em 1909, mais de 400 cientistas e dignitários de 167 países se reuniram em Cambridge para homenagear as contribuições de Darwin e discutir vigorosamente as recentes descobertas e teorias relacionadas que disputavam a aceitação entre os pesquisadores. Este foi um evento de interesse público amplamente divulgado. Também em 1909, em 12 de fevereiro, o 100º (centésimo) aniversário de nascimento de Darwin e o 50º (quinquagésimo) aniversário da publicação de seu livro “On The Origin of Species” foram celebrados pela Academia de Ciências de Nova York no Museu Americano de História Natural. Nesta ocasião um busto de bronze de Darwin foi inaugurado. Em 2 de junho de 1909, a Royal Society da Nova Zelândia realizou uma "Celebração de Darwin". Nesta data houve um comparecimento muito grande de pesquisadores de todas as áreas.
Todos os grupos humanistas, universidades, centros de pesquisa, escolas e organizações preocupadas com o pensamento científico são convidados a promover e divulgar as celebrações em honra ao homem, o cientista, o pesquisador que foi Charles Darwin em 12 de fevereiro em todos os países.
Vários eventos são realizados no Darwin Day em todo o mundo. Eles incluem jantares com receitas especiais da sopa primordial e outros pratos inventivos, manifestações com participações de escolas e outros órgãos governamentais, workshops e simpósios, distribuição de informações por pessoas em fantasias de macaco, palestras e debates, ensaios e concursos de arte, concertos, leituras de poesia, peças teatrais, obras de arte, comédias stand up, encenações do do debate entre Thomas H. Huxley e o Bispo Samuel Wilberforce, exibições em bibliotecas, exposições em museus, viagens e passeios educacionais, recriações da jornada de HMS Beagle, noites de cinema, e caminhadas pela natureza.
O site da Celebração do Dia de Darwin oferece inscrição gratuita e exibição de todos os eventos do Dia de Darwin.
Alguns celebrantes também combinam o Dia de Darwin com a celebração de Abraham Lincoln, que também nasceu em 12 de fevereiro de 1809. Outros ainda celebram os muitos indivíduos notáveis que influenciaram ou foram influenciados pelo trabalho de Darwin, como Thomas H. Huxley, Charles Lyell, Alfred Russel Wallace, Carl Sagan e Ernst Mayr.
No Brasil
Darwin percorreu alguns locais em solo brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro, onde o cientista permaneceu mais tempo, ao todo 93 dias, em 1832.
Itinerário de Ch. Darwin no Brasil em 1832.
A
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fiocruz, Jardim Botânico, Museu Nacional e Universidade Federal Fluminense (UFF),
são algumas das instituições que se envolveram em um projeto que resultou na
publicação de um livro com trechos
de diários, artigos e cartas de Darwin
que fazem referência ao Brasil.
Outra idéia foi colocar marcos, como
placas e painéis, nos pontos mais
importantes do trajeto da excursão
e em alguns locais importantes nos
quais ele esteve no Rio e em Salvador. “Queremos fazer folders sobre
o trajeto inteiro. Possivelmente serão produzidos também documentários para a TV. A idéia é produzir
um roteiro científico-turístico”,
disse Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia do
MCT. Ainda hoje temos as trilhas já sinalizadas por onde ele passou e coletou espécimes.
2021
Universidades de várias partes do mundo comemoram no dia 12 de fevereiro o aniversário de Charles Darwin, cientista nascido em 1809 que iniciou uma revolução científica com seus estudos que resultaram no livro A origem das espécies. A obra é considerada a mais influente da ciência moderna por trazer o conceito da evolução biológica por meio da seleção natural. Por isso, a comemoração do Darwin Day pretende ser uma celebração global da ciência e do racionalismo, ajudando a divulgar o pensamento científico.
Durante toda a semana, de 8 a 14 de fevereiro, o Museu de Zoologia (MZ) da USP vai participar do Darwin Day com a divulgação de conteúdos temáticos relacionados à teoria evolutiva e sua relação com nosso cotidiano. Os materiais estarão disponíveis na página do museu, neste link, e também é possível acompanhar os canais do MZ nas redes sociais: Facebook, Instagram e YouTube. Entre os conteúdos, por exemplo, há o vídeo em que a pesquisadora Jaqueline Battilana, do Laboratório de Biologia Molecular do MZ, conta a relação de suas atividades diárias com as ideias darwinianas (veja abaixo). Também há a indicação de leitura do livro Ensaios sobre evolução – Volume 1, que nasceu a partir do projeto de debates sobre história e filosofia da biologia realizado por quatro professores vinculados às Ciências Biológicas.
O Darwin Day da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), que acontece de 10 a 13 de fevereiro, terá a participação de dois pesquisadores da USP. Na quinta, dia 11 de fevereiro, às 14h30, Fábio de Melo Sene, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), vai apresentar a conferência Como o pensamento central de Darwin “sobreviveu” a todos os conhecimentos da Genética. No dia 12 de fevereiro, às 15h40, é a vez de Nélio Bizzo, da Faculdade de Educação (FE), participar de uma mesa-redonda sobre Negacionismo científico no Brasil. Para acompanhar o evento há uma taxa de inscrição que varia de R$ 30 a R$ 120 conforme a categoria (estudante ou profissional). A transmissão será pelo Canal da SBG no YouTube, com link enviado aos inscritos. A programação completa você confere aqui.
Na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), haverá um evento on-line no dia 17 de março aberto a todos os interessados por meio de inscrição em formulário na internet. Às 14 horas, o pesquisador Tiago Bosisio Quental, do Instituto de Biociências (IB) da USP, falará sobre A origem e extinção das espécies em tempo geológico. Depois, às 16 horas, o cientista Miguel Nicolelis, da Duke University & Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, vai tratar das Interfaces cérebro-máquina: da pesquisa básica às aplicações clínicas. Confira a página do evento aqui (USP).
Um naturalista na Amazônia
A imagem de Darwin é tão forte
que eclipsou a contribuição
fundamental de outro pesquisador,
Alfred Russel Wallace, do qual se fala
pouco. As comemorações que
estão sendo organizadas pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia
também vão mostrar os trabalhos
de Wallace, que permaneceu na
Amazônia durante quatro anos. Os
conhecimentos que ele adquiriu na
imensa floresta também foram
decisivos em sua trajetória
científica. Uma das coisas que ele
destacou foi o “encontro com
homens em seu estado natural,
com selvagens absolutamente
não contaminados”, registrou.
Na opinião de Ildeu de Castro
Moreira, o estudo da distribuição
geográfica dos animais na
Amazônia foi um ponto de partida
essencial para Wallace chegar à
ideia da seleção natural, de forma
independente. A proposta foi
apresentada em reunião da
Sociedade Lineana de Londres,
em 1º de julho de 1858, trazendo
trabalhos de Darwin e de Wallace.
Dois livros, um com os textos dele
sobre o Brasil, pela editora da
Fiocruz, e outro sobre as
palmeiras da Amazônia, pela
editora da Universidade Federal
do Amazonas, serão publicados.(cienciaecultura).
Início da nossa linhagem entre 17 e 15 milhões de anos atrás.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) escavaram o vale do rio Zarqa (na Jordânia) e encontraram centenas de ferramentas de pedra lascada, produzidas por mãos humanas, que possuem entre 1,9 e 2,5 milhões de anos de idade (Da Silva, 2019).
O “problema” é que, de acordo com a teoria vigente para o início da humanidade, é que o primeiro homo (linhagem que deu origem aos seres humanos modernos) que deixou a África e se espalhou por outras regiões do globo foi o Homo erectus, e essa dispersão aconteceu entre 1,8 e 2 milhões de anos atrás. Assim, com a descoberta das ferramentas na Jordânia, a ideia agora é que essa dispersão já havia começado há pelo menos meio milhão de anos antes.
A nova narrativa para a evolução humana foi apresentada no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e, ainda que o trabalho não chegue a cravar quem foi o responsável por essa dispersão anterior ao Homo erectus, o pesquisador Walter Neves (professor aposentado do Instituto de Biociências da USP e pesquisador do IEA) tem convicção de que o responsável por criar aquelas ferramentas encontradas na Jordânia foi o Homo habilis. Para Neves, ele é o principal e único suspeito, pois era a única espécie que já vagava pela África há 2,5 milhões de anos (Da Silva, 2019).
Escavação no Vale do Zarqa, onde as ferramentas foram encontradas pelos pesquisadores brasileiros (Imagem: Astolfo Araújo)
Os pesquisadores garantem que não há dúvidas sobre a idade dos artefatos e nem do fato de eles terem sido produzidos por ancestrais humanos, já que há evidências muito claras de lascamento intencional. As peças encontradas são em sua maioria núcleos e lascas de pedra, que os ancestrais mais primitivos do gênero homo usavam para quebrar objetos e cortar peles dos animais dos quais se alimentavam. Neves ainda explica que não foram encontrados fósseis porque a região escavada possui características que acabam não conservando bem os ossos, mas a quantidade de ferramentas encontradas deixa claro que diversos hominídeos viveram naquela região muito antes do que a evolução humana considerava possível.
Um dos maiores especialistas brasileiros em evolução humana e considerado como “pai da Luzia” por conta de seu trabalho com o fóssil mineiro que virou o símbolo do povoamento das Américas, Neves acredita que as ferramentas encontradas foram produzidas por uma população de Homo habilis recém-saída da África e que se dirigia à região do Cáucaso. Isso porque é naquela região que o Homo habilis daria origem ao Homo erectus, uma espécie maior e mais inteligente de hominídeo, que é considerada a precursora do homem moderno (cientificamente conhecido como Homo sapiens) (Da Silva, 2019).
Isso explicaria também os famosos fósseis Dmanisi, na República da Geórgia, que possuíam uma grande variedade morfológica e datavam de 1,8 milhões de anos atrás. Para Neves, esses fósseis seriam um exemplo da forma transitória entre o Homo habilis e o Homo erectus, o que explicaria porque os fósseis encontrados possuem características de ambos.
Os crânios de Dmanisi são o foco de um enorme discussão científica que tenta explicar o que eles seriam, e muito pesquisadores chegaram até a defender que o Homo habilis e o Homo erectus não seriam espécies diferentes de hominídeos, mas variações de uma mesma linhagem que possui diferenças anatômicas entre si, como acontece com os chimpanzés. Neves acredita que a descoberta da Jordânia e os resultados da pesquisa brasileira irão encerrar de vez essa discussão, pois mostram que a variação existente nos crânios de Dmanisi é exatamente o tipo de coisa que se espera de uma espécie transitória. Assim, o Homo erectus não teria surgido na África, mas evoluído primeiramente na região do Cáucaso e só então migrado para a África, onde as ossadas encontradas datam de 1,8 milhões de anos atrás (Da Silva, 2019).
A saída do Homo habilis da África também ajudaria a explicar a descoberta recente de artefatos de pedra lascada em Shangchen, no leste da China, datadas de 2,1 milhões de anos atrás — ou seja, bem anteriores ao Homo erectus. Neves também acredita que essas ferramentas encontradas no país asiático foram produzidas pelo Homo habilis, o que tornaria a espécie não apenas a primeira a sair da África, mas também a primeira a ocupar a Eurásia.
Assim, Neves é um dos primeiros pesquisadores a defender que o “grande desbravador” da história da evolução humana não foi o Homo erectus, mas sim o Homo habilis. Apesar de ser bem menor do que o Homo erectus tanto em estatura (1,20 m contra 1,75 m) quanto em volume cerebral (650 cm³ contra 850 cm³), o Homo habilis já era bípede e perfeitamente capaz de andar longas distâncias, algo que os artefatos encontrados na Jordânia e na China parecem comprovar.
Além de Neves, o trabalho também é assinado por outros seis pesquisadores: Fábio Parenti, arqueólogo do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Giancarlo Scardia, da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Rio Claro), Astolfo Araújo, geoarqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, Axel Gerdes, do Centro de Pesquisa de Elementos e Isótopos da Universidade Goethe de Frankfurt (Alemanha) e Daniel Miggins, do Laboratório de Geocronologia Argônica da Universidade do Estado do Oregon (Estados Unidos). O estudo foi publicado no último sábado (6) na revista Quaterly Science Reviews.
O lugar de publicação pode parecer meio estranho, já que normalmente estudos dessa importância, que podem mudar toda a narrativa sobre a evolução do ser humano, costumam ser publicados em revistas de maior impacto, como a Nature ou a Science. Mas Neves explica que nenhuma das duas publicações quis saber do que se tratava o estudo por conta de ter sido uma descoberta brasileira.
Neves afirma que ainda há muito preconceito no mundo acadêmico da paleoantropologia e que a comunidade científica internacional não acredita que existam pesquisadores sérios e inteligentes em qualquer outra universidade que não esteja nos Estados Unidos ou na Europa. Assim, além das maiores publicações do mundo não terem mostrado interesse em publicar o estudo, o pesquisador sabe que as descobertas brasileiras serão vistas com muito ceticismo pela comunidade acadêmica internacional, pois haverá um movimento muito forte de não aceitação das descobertas pelo fato de elas terem sido feitas por pesquisadores brasileiros (Da Silva, 2019).
Mas Neves ainda conta que sempre teve um único objetivo em mente: não se aposentar sem antes colocar o Brasil no “mapa” dos estudos da paleoantropologia mundial. E, ao fazer com o que provavelmente será o seu último grande projeto de pesquisa seja algo que prove que todo mundo estava errado não apenas em seu preconceito, mas também em sua narrativa de como se deu a evolução humana, será a versão mais próxima que teremos no mundo acadêmico de alguém indo embora chutando a porta e mostrando os dois dedos do meio em riste para todo mundo (Da Silva, 2019).