INÍCIO

02 novembro 2022

UM BRINDE A VC


HOMENAGEM AO HUMANO QUE AINDA EXISTE POR AI 






Um brinde 



"Um brinde a você que sobreviveu à longa noite fascista que se instalou no Brasil, desde 2016.

Um brinde a você que foi chamado de petralha, comunista, apenas por ter demonstrado apreço à democracia e à liberdade;

Um brinde a você que inúmeras vezes foi ameaçado e ironizado nas redes sociais;

Um brinde a você que não desistiu de lutar, mesmo quando toda a massa ignara e a grande imprensa insistia no seu discurso neo-fascista;

Um brinde a você que, para se preservar, cortou laços com tantas pessoas com quem tinha, antes da grande noite, um convívio sadio;

Um brinde a você que não bebeu da fonte do ódio que se espalhou pela Nação, disfarçada de justiça e liberdade de expressão;

Um brinde a você que descartou o rótulo de “cidadão de bem”, enquanto milhões perdiam os direitos previdenciários e trabalhistas;

Um brinde a você que sempre foi solidário com a parcela mais frágil da sociedade;

Um brinde a você que se indignou diante das tragédias ambientais;

Um brinde a você que se entristeceu diante do genocídio que foi a pandemia de Covid-19;

Um brinde a você que sempre acreditou na Ciência, na vacina e não na cloroquina hidroxicloroquina e ivermectina nem em tratamento precoce;

Um brinde a você que não se curvou aos falsos profetas e seus acólitos, disfarçados de Messias;

Um brinde a você que nunca abriu os dedos das mãos pra fazer gesto de “arminha”;

Um brinde a você que resistiu, mesmo, quando milhões acreditavam no falso mito;

O percurso será longo e duro para reconstruir tudo o que destruíram, mas um brinde a você que acreditou que a primavera chegaria."






(Modificado de anonimo)
Voce merece ler essa mensagem!



IDH

IDH BRASIL

O IDH avalia a qualidade de vida, o bem estar de um população. Essa medida é realizada em todos os países do planeta e é usada para nortear políticas públicas que visam dar meLhores condições de vida para todos os cidadãos. Esse índice (IDH) compõe-se de três critérios ou variáveis principais relacionados à saúde, renda e escolaridade

O primeiro critério ou variável avalia as taxas de esperança ou expectativa de vida.
O segundo critério ou variável corresponde à Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, esta avalia praticamente os mesmos aspectos que o PIB per capita, todavia a RNB também considera os recursos financeiros oriundos do exterior.
O terceiro critério ou variável é avaliado através da média de anos de estudo da população adulta e por meio do número esperado de anos de estudos (tempo que uma criança fica matriculada).

Recentemente, foi lançado pela ONU um novo relatório sobre os IDH. Segundo o relatório, publicado, o IDH recuou em 90% dos países do mundo, i.e., diminuiu em 9 de cada 10 países. O Brasil caiu da 84º para a 87ª posição da lista, em relação a análise de 2020. Os problemas da pandemia são um dos motivos para este recuo. O IDH brasileiro no relatório é de 0,754. (Miranda, 2022).

Um dos componentes di IDH é a saúde. Nesse gráfico vemos a desigualdade nessa variável em relação à vacinação contra a COVID-19. 


O relatório inicia assim:

Estamos a viver tempos incertos. A pandemia de Covid-19, agora no seu terceiro ano, continua a produzir novas variantes. A guerra na Ucrânia ecoa em todo o globo, causando um sofrimento humano imenso, incluindo uma crise de custo de vida. As catástrofes climáticas e ecológicas são uma ameaça diária.
É assaz sedutor ver as crises como uma situação pontual, esperando naturalmente por um regresso ao normal. Contudo, esconder o último incêndio ou alimentar o último demagogo será um jogo impossível de ganhar a menos que nos consciencializemos de que o mundo está a mudar profundamente. Não é possível voltar atrás.
Os níveis de incerteza estão a aumentar e a interagir para perturbar as nossas vidas de formas sem precedentes. Já enfrentámos doenças, guerras e disrupções ambientais no passado. Mas a confluência das desestabilizadoras pressões planetárias com o crescimento das desigualdades, as profundas transformações sociais para aliviar essas pressões e a polarização generalizada apresentam fontes novas, complexas e interativas de incerteza para o mundo e para todos os que o habitam.
É o novo normal. Compreender e dar resposta são os objetivos do Relatório do Desenvolvimento Humano de 2021/2022, tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação. Contém uma trilogia de Relatórios que começa com o Relatório de 2019 sobre as desigualdades, seguido do Relatório de 2020 sobre os riscos do Antropoceno, onde a Humanidade se tornou uma das principais forças motrizes das perigosas mudanças planetárias.
Há trinta e dois anos, o primeiro Relatório do Desenvolvimento Humano declarou corajosamente que: “as pessoas são a verdadeira riqueza das nações”. Esta poderosa afirmação guiou a PNUD e os seus Relatórios do Desenvolvimento Humano desde então, com as suas mensagens e significados a ganharem contornos mais complexos ao longo do tempo.

Atualmente, um pouco por todo o mundo, as pessoas referem sentir-se cada vez mais inseguras. 

O Relatório Especial sobre a Segurança Humana do PNUD, divulgado no início deste ano, revela que seis em cada sete pessoas em todo o mundo se sentem inseguras sobre diversos aspetos das suas vidas, mesmo antes da pandemia de Covid-19.

É de admirar, então, que muitas nações estejam a desconjuntar-se sob a tensão da polarização, do extremismo político e da demagogia, todas sobrecarregadas pelos meios de comunicação social, inteligência artificial e outras tecnologias poderosas?

Ou que, numa espantosa inversão de apenas uma década, o recuo democrático dos países se tenha tornado a regra e não a exceção?

Ou que, numa primeira fase surpreendente, o valor do Índice de Desenvolvimento Humano global diminuiu durante dois anos consecutivos, na sequência da pandemia de Covid-19?

As pessoas são a verdadeira riqueza das nações, mediadas através das nossas relações com os governos, o habitat natural e uns com os outros. Cada nova crise relembra-nos que quando as capacidades, escolhas e esperanças das pessoas de futuro se sentem malogradas, o bem-estar das nações e do planeta é o dano colateral (mais notável).

Imaginemos o inverso: como seriam as nações e o planeta se ampliássemos o desenvolvimento humano, incluindo a agência e as liberdades das pessoas. Seria um mundo onde a criatividade é libertada para redefinirmos o futuro, para renovarmos e adaptarmos as instituições, para criarmos novas histórias sobre quem somos e o que valorizamos

Não seria apenas uma forma de estar agradável, mas imprescindível quando o globo está em contínuo e imprevisível movimento.

Vislumbrámos o que é possível com a pandemia de Covid-19. Um conjunto de novas vacinas, incluindo algumas baseadas em tecnologia revolucionária, salvaram cerca de 20 milhões de vidas num ano

É necessário refletir sobre esse feito extraordinário nos anais da humanidade. Igualmente extraordinário é o número de vidas desnecessariamente perdidas, especialmente em países de baixo e médio rendimento, devido ao acesso altamente desigual às vacinas. 

A pandemia foi uma lembrança dolorosa de como as quebras de confiança e de cooperação, entre e dentro das nações, constrangem insensatamente o que podemos alcançar juntos.

O herói e o vilão na história atual de incerteza são um só: a escolha humana

É demasiado fácil encorajar as pessoas a procurar por sinais de esperança ou afirmar que o copo está meio cheio em vez de meio vazio, pois nem todas as escolhas são iguais. 

Alguns, sem dúvida os mais importantes para o destino da nossa espécie, são impulsionados pela inércia institucional e cultural, gerações em construção.
O Relatório deste ano convida-nos a olhar atentamente para suposições demasiado simplistas e rígidas sobre a tomada de decisão. 

As instituições assumem a confusão das pessoas: as nossas emoções, os nossos preconceitos, o nosso sentido de pertença, por nossa conta e risco.
Tal como com os seus predecessores, o Relatório também desafia as noções convencionais de “progresso”, onde compromissos desvantajosos estão a ser feitos. Ganhos em algumas áreas, como em anos de escolaridade ou esperança de vida, não compensam as perdas nos outros, como no sentido de controle das pessoas sobre as suas vidas. Nem podemos disfrutar da riqueza material à custa da saúde planetária.

O Relatório posiciona firmemente o desenvolvimento humano não apenas como um objetivo, mas como um meio para um caminho a seguir em tempos incertos, recordando que as pessoas, em toda a sua complexidade, a sua diversidade, a sua criatividade, são a verdadeira riqueza das nações.




"IDH dos principais países:

1° Noruega: 0,938 (Europa);

2° Austrália: 0,937 (Oceania);

3° Nova Zelândia: 0,907 (Oceania);

4° Estados Unidos: 0,902 (América do Norte);

5° Irlanda: 0,895 (Europa);

6° Liechtenstein: 0,891 (Europa);

7° Holanda (Países Baixos): 0,890 (Europa);

8° Canadá: 0,888 (América do Norte);

9° Suécia: 0,885 (Europa);

10 Alemanha: 0,885 (Europa);

11° Japão: 0,884 (Ásia);

12° Coreia do Sul: 0,877 (Ásia);

13° Suíça: 0,874 (Europa);

14° França: 0,872 (Europa);

15° Israel: 0,872 (Oriente Médio);

16° Finlândia: 0,871 (Europa);

17° Islândia: 0,869 (Europa);

18° Bélgica: 0,867 (Europa);

19° Dinamarca: 0,867 (Europa);

20° Espanha: 0,863 (Europa);

73° Brasil: 0,699 (América do Sul)."

(Fonte: brasilescola)





Quando dizem que os lugares com os piores IDH são governados por partidos progressistas. Essa afirmação é uma falácia. Vejamos: 

Primeiro ponto
O NE não foi sempre governado pelo PT como dizem. Façam a pesquisa e saberão. 

Segundo ponto
Qualquer pessoa instruída sabe melhor do que ninguém, e todos deveríamos saber que o IDH leva em conta três critérios principais relacionados à saúde, renda e escolaridade, com base em dados de cada ano. 

O IDH DO Brasil equivale a 0,765 (a métrica vai de 0 a 1). O Brasil agora é o 6º entre os países da América do Sul, atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia.

O Brasil possui a segunda maior concentração de renda do mundo, atrás apenas do Qatar, conforme o relatório da ONU. Todos os países do mundo são mais equitativos na distribuição de renda. 

O IDH do NE é baixo porque historicamente a riqueza nacional está concentrada no sudeste e secundariamente no sul. Ou seja, é necessário uma política federal de desenvolvimento para a região Norte e Nordeste. E essas políticas sofreram uma queda devido ao golpe que deram na ex-presidente Dilma. 

De lá para cá o pais como um todo caiu 5 pontos no IDH (considerando só os três critérios). Quando se leva em conta a desigualdade o Brasil caiu 20 pontos, está entre os piores do mundo. 

A Noruega tem o melhor IDH do mundo simplesmente porque lá eles tem políticas para distribuição de renda e justiça social, lá ninguém passa fome como no Brasil mesmo eles importando a maior parte do alimento que consomem, enquanto nós produzimos praticamente tudo o que necessitamos e temos 33 milhões jogados na miséria e na fome pelo governo Bolsonaro.






Fonte 











NEGACIONISMO E LÓGICA

NEGACIONISMO E LÓGICA 
OU 
NEGACIONISMO & DESILUSÃO

(A. Paim MSc, BSc, CM)



“A verdade é que o negacionismo remonta já ao final do medievo e início da Idade Moderna, quando algumas descobertas científicas ameaçavam os dogmas religiosos. As autoridades religiosas negavam os avanços científicos e as reflexões feitas pelos filósofos humanistas”, explica a historiadora Natalia Reis, professora de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF).








Estátua em homenagem a Giordano Bruno, Roma.
O clero da época, temendo perder o controle do mundo perseguiu muitos pensadores de vanguarda como Giordano Bruno, que usavam a razão e a lógica em suas especulações e afirmações. A igreja católica por séculos tem um comportamento negacionista, como é usual em instituições  conservadoras. 


Segundo Bombassaro (2017), “no contexto histórico e intelectual conhecido como revolução copernicana, Giordano Bruno (1548-1600) oferece argumentos decisivos para a transformação conceitual da cosmologia na Renascença. Suas posições representam uma crítica radical ao pensamento cosmológico aristotélico-ptolemaico, ainda vigente na segunda metade do século XVI. 

Associada às observações e aos cálculos astronômicos de Ptolemeu e Manilio, a cosmologia de Aristóteles estava, também do ponto de vista conceitual, firmemente ancorada nas ideias da imobilidade e centralidade da terra, da heterogeneidade e da hierarquia entre o mundo sublunar (terrestre) e supralunar (celeste), bem como da esfericidade e da finitude do cosmos. Essa concepção cosmológica havia se estabelecido desde a Antiguidade clássica e se mantido hegemônica durante a longa Idade Média, por um lado, porque fundava-se numa física baseada quase que exclusivamente nos dados da observação sensorial, o que justificava em parte os argumentos em favor da imobilidade da terra e da finitude do mundo, e, por outro, também porque coadunava-se perfeitamente com as concepções astronômicas, matemáticas, metafísicas e teológicas antigas e medievais, cuja escatologia assumia a existência de um mundo finito, com um início e um fim. 
É a partir de uma perspectiva de interpretação metafísica e cosmológica completamente diversa – para a qual convergem múltiplas tradições intelectuais, dentre as quais podem ser citadas, a filosofia natural de Demócrito e Lucrécio, a metafísica neoplatônica de Plotino e Gemistos Pletão, a nova lógica e a arte da memória de Raimundo Lúlio, a metafísica e a matemática de Nicolau de Cusa, bem como as “hipóteses” heliocêntricas de Nicolau Copérnico, que Giordano Bruno pôde desenvolver suas reflexões sobre a unidade, a infinitude e a eternidade do universo, propondo assim a substituição daquele modelo de mundo fechado pela concepção de um universo infinito.” 
Em suas obras De l’infinito, universo et mondi (O universo, o infinito e os mundos), De monade, numero et figura, De triplici minino et mensura e De immenso et innumerabilibus, seu de universo et mundis,  ele desenvolve no conjunto desses escritos latinos, também conhecidos como a Trilogia de Frankfurt, mas especialmente em De innumerabilibus, immenso et infigurabili, que Bruno reforça suas teses em favor da nova cosmologia, que ele já havia esboçado anteriormente em seus diálogos italianos, e o que irritou profundamente a Igreja Romana, levando-o a cair numa armadilha, ser preso, julgado e condenado a morte na fogueira. 

Giordano Bruno defende o primado da razão sobre a fé e sobre a filosofia antiga e vulgar aristotélica. Como vemos o filósofo de Nola, é um precursor e mártir da luta contra "fake news", e as teorias da conspiração não importa o tempo que tenham durado.   


O que é o negacionismo?

O negacionismo é o ato de negar-se a acreditar em uma informação estabelecida em áreas como a ciência e a história. 

Os negacionistas são pessoas ou grupo de pessoas que agem como  irracionais, pois não acreditam em consensos obtidos em amplo e profundo estudo e escoram suas crenças em informações falsas e em teorias conspiratórias. 

A negação do aquecimento global e do Holocausto dos judeus na segunda guerra são as principais manifestações negacionistas. 
Além desses dois temas principais temos ainda o movimentos antivacina que dissemina informações falsas contrariando toda e qualquer pesquisa seria na área da imunologia, epidemiologia, virologia e bacteriologia. 

O negacionismo é um termo utilizado para circunscrever um grupo de pessoas que optam voluntariamente por não acreditar em uma informação que é vista como consenso nos meios acadêmicos e científicos. 
Nesse sentido, o negacionismo pode ser visto também como o ato de propor um debate desnecessário sobre determinado assunto já pacificado e aceito (modif. mundoeducação).

Um debate desnecessário se dá no sentido de abordar e questionar um problema cuja concepção é vista como unanimidade entre os especialistas. Por exemplo: questionar a esfericidade da Terra; sobre esse assunto temos os cálculos e as evidências acumuladas desde Eratóstenes, e recentemente imagens de satélites.  Esse tipo de debate advém da negação das concepção, dos estudos sérios, dos avanços da astronáutica e da astronomia, etc. Essa negação não se baseia em fatos alternativos significantes, muitos menos em dados objetivos comprovados e aceitos advindos de outros Ramos das ciências. 

Essa posição se dá primeiro, basicamente pelo motivo de que a pessoa que nega não possui nenhum treinamento formal e sistemático na área na qual emite sua opinião, muito menos conhece o método científico. Está alicerçada basicamente em teorias da conspiração e em falácias informais. Segundo, pelo desdém em estudar a fundo uma área ou campo científico e entender seu método de aproximação da verdade científica, e terceiro, o desconhecimento e a negação de que a ciência é falível, e não possui a verdade absoluta. 

Há um método empregado pelos negacionistas para levar à duvida e o medo às pessoas desinformadas, ou sem letramento em ciências. 

Essas pessoas manipulam informações, o que envolve a descontextualização de alguns fatos científicos, a supressão de outros, e até mesmo o falseamento claro de dados científicos. 

Muitas vezes, essa manipulação se dá pela utilização de falsos especialistas, isto é, a apresentação de pessoas que supostamente são especialistas em determinado assunto, mas que, na verdade, são charlatães, pois as visões e informações que elas têm sobre o assunto em questão são totalmente divergentes do conhecimento estabelecido cientificamente.

O MUNDO ASSOMBRADO PELO NEGACIONISMO
OU SERIA MELHOR DIZER O MUNDO QUE SE ALIENOU VOLUNTARIAMENTE DA RAZÃO?


O negador rejeita um determinado consenso cientifico, mesmo sabendo que isso lhe fará mal, ou trará a possibilidade de desenvolver uma doença, por exemplo. 

O Negacionista rejeita a realidade e tenta construir uma nova realidade que corrobore com suas crenças. E isso às custas de todo progresso da humanidade em todas as áreas científicas.

O negacionista talvez seja produto da descrença total nos governos que ele mesmo elegeu (fazendo escolhas politicamente incorretas ou errôneas) e dos quais esperava o melhor. Ou seja, ele votou a vida toda em candidatos da direita e esperava ascensão da classe que estava, esperava melhoria de vida, esperava educação para seus filhos, esperava compreensão desses políticos que ele escolheu erroneamente. 
Sua falta de consciência de classe o empurrou para escolhas ruins até mesmo grotescas, mas esperando o melhor. O que obviamente nunca acontece. 

Ele elegeu a vida toda políticos e partidos de direita e de extrema-direita disfarçados de centro (o centro é o outro nome da direita, pelo menos no Brasil), esperando que melhorassem sua vida. Mas esses partidos e esses políticos não tem compromisso nenhum com quem os elegem e sim com o capital que os patrocinam e a quem representam. 

Eles (políticos de direta) tem um compromisso inquebrantável com quem os patrocina, quem tem a “grana” que financiam suas campanhas e para quem devem obediência e para quem eles legislam. 
Quem votou neles, caiu na teia de enganações midiáticas, que a propaganda política sabe muito bem produzir. 

Um candidato grotesco é pintado como o um verdadeiro humanista que diz o que pensa, doa a quem doer. 
Como dizem, "só se desilude quem estava ou foi iludido". Todavia, os negacionistas não se desiludem, eles tentam curvar a superfície da Terra para que fique plana, inventam uma realidade. 

Em sua "lógica", sua desilusão nada tem a ver com suas péssimas escolhas políticas mas sim com ideologias alternativas realistas, verdadeiramente humanistas. 
Assim, um inimigo é construído. Um inimigo interno. Os seus adversários políticos e suas ideologias, essas sim, estão na raiz do porquê os governos eleitos por eles não conseguem realizar o que eles esperavam.  
O alvo de suas críticas não são mais os políticos ruins que elegeram, mas o outro.

Todos esses anos de fracasso em melhorar sus vida, acreditando no impossível, caindo em teias e na “lábia” de “raposas felpudas”, “colocadas para vigiar o galinheiro”, levam a uma descrença generalizada em tudo que é consenso. Aliado a essa visão temos um conservadorismo ignorante que pinta o passado com tintas douradas, e a natureza como se fosse dada por um criador para que a usemos ao nosso bel prazer, esquecendo que ao fazermos isso estamos “cavando nossa sepultura”. 

Para dobrar a realidade para que caiba em seus delírios, os negacionistas usam diversas técnicas, dependendo do grau de sofisticação que tenham e do letramento científico que adquiriram ao longo da vida.

O negacionismo é o emprego de táticas retóricas para dar a aparência de argumento ou debate legítimo, quando na verdade não há nenhum. 
 
Esses falsos argumentos são usados ​​quando se tem poucos ou nenhum fato para apoiar seu ponto de vista contra um consenso científico ou contra evidências esmagadoras em contrário. 

Eles são eficazes em distorcer e distrair do debate útil real usando afirmações emocionalmente atraentes, mas, em última análise, vazias e ilógicas (web).

As pessoas que fazem comunicação em ciência precisam se defender desse negacionismo e, para fazê-lo, é importante entender que formas ele assume. 


ESTUDANDO O NEGACIONISMO

Numerosos estudos encontraram consenso científico esmagador sobre o aquecimento global causado pelo homem, na comunidade científica (Anderegg et al., 2010; Carlton et al., 2015; Doran & Zimmerman, 2009) e na literatura científica (Cook et al., 2013; Oreskes, 2004). 
Por outro lado, uma pequena minoria de cientistas do clima rejeita a posição de consenso e a negação do clima tem uma presença cada vez menor na literatura científica.
O pequeno número de estudos publicados que rejeitam a ciência climática convencional mostrou-se possuir erros fatais, que levam a conclusão enganosas. 

Abraham et al. (2014) resumiu como os artigos contendo alegações negacionistas, tais como alegações de resfriamento em medições feitas por satélite ou estimativas de baixa sensibilidade climática, têm sido forte e robustamente refutadas na literatura científica. 

Da mesma forma, Benesta et al. (2016) tentou replicar as descobertas em artigos contrários ao aquecimento global e encontrou uma série de falhas tais como métodos estatísticos inadequados, falsas dicotomias e conclusões baseadas em física equivocada.

Dada a sua falta de impacto na literatura científica, os contrários ao aquecimento global argumentam sua versão diretamente ao público. Cientistas negacionistas obtém um grau mais alto de exposição na mídia em relação aos cientistas convencionais. 

Cientistas negacionistas conseguem um grau mais alto de exposição na mídia em relação aos cientistas convencionais (Verheggen et al., 2014), e análise de conteúdo de artigos da mídia impressa confirma que os negacionistas do clima têm uma presença maior na cobertura da mídia de mudança climática em relação a cientistas especialistas que produzem ciência séria. 

As opiniões e os pontos de vista de cientistas negacionistas também são amplificados por organizações como think-tanks conservadores, a indústria de combustíveis fósseis e os principais meios de comunicação (organizações que geram e amplificam a negação das mudanças climáticas).

A desinformação promovida por cientistas contrários ao aquecimento global e outras fontes negacionistas causam um grande número de impactos negativos sobre o público. 

Níveis mais altos de emissões de CO2 per capita estão associada à menor aceitação das mudanças climáticas (Tranter & Booth, 2015), levando acadêmicos concluírem que a desinformação financiada pelas industrias de combustíveis fósseis é um impulsionador de atitudes públicas sobre as mudanças climáticas (Hornsey, Harris, & Fielding, 2018), impulsionando também os gestores de políticas públicas para o meioambiente.

A desinformação afeta diretamente a comunidade científica. Ataques à integridade da ciência climática corrói a confiança do público nos cientistas e força os cientistas sérios a responder a intermináveis ondas de demandas inúteis (já superadas) (Biddle & Leuschner, 2015). Isso, por sua vez, influencia como cientistas do clima relatam seus resultados. Os cientistas já estão predispostos a evitar erros do Tipo I ou falsos positivos (Anderegg, Callaway, Boykoff, Yohe, & Root, 2014), entretanto, ataques estereotipados prolongados, como ser rotulado como alarmista por exemplo, influenciaram os cientistas a adotar uma postura que evita o comportamento estereotipado de alarmista. 

Dada a ampla e complexa paisagem de reivindicações negacionistas, como avaliar a veracidade de cada alegação (e no caso de alegações falsas, neutralizar a desinformação)? Cook, Ellerton, & Kinkead (2018) fornecem uma metodologia de pensamento crítico para desconstruir as reivindicações negacionistas e aplicam essa abordagem para os 50 dos mitos climáticos mais comuns, encontrando que todos eles contêm premissas falsas ou lógica falha.


John Cook (2020) em suas pesquisas que aborda o negacionismo do aquecimento global ou negacionistas climáticos, identificou cinco técnicas muito empregadas por aqueles que não acreditam na alteração da temperatura do planeta devido à ações antrópicas. 

Ele chamou essas cinco técnicas pelo acrônimo FLICC, em inglês, são elas:

1) F: Fake experts: Falsos especialistas
2) L: Logical fallacies: Falácias lógicas
3) I: Impossible expectations: Expectativas irreais
4) C: Cherry picking: Seleção, catar uma cereja 
5) C: Conspiracy theories: Teoria da conspiração

podemos dizer então que esses cinco elementos  caracterizam o negacionismo. Esses cinco elementos são conhecidos pela sigla (em inglês) FLICC (John Cook, 2020).

FLICC taxonomia (John Cook, 2020).
Cinco táticas gerais são usadas por negacionistas para semear confusão. São eles: (F) falsos especialistas, (L) falácias lógicas (falácias gerais da lógica), (I) expectativas impossíveis (também conhecidas como balizas móveis), (C) seletividade (escolher uma cereja) e (C) conspiração ou teorias da conspiração.

O negacionismo da ciência é exatamente o que parece, a negação de um fato científico feita de tal maneira que as pessoas que não são especialistas no assunto, não têm opinião formada a respeito ou ignoram os dados relevantes, são levadas a crer num ponto de vista que discorda da ciência estabelecida.

Se você é um fabricante de cigarros que quer convencer as pessoas de que cigarros são absolutamente saudáveis, as técnicas FLICC são as que você vai usar em sua mensagem. 
Na verdade, essas técnicas são empregadas pela maioria dos negacionistas da ciência e, uma vez que você aprenda a identificá-las, você terá mais uma ferramenta para distinguir ciência de verdade de pseudociência. 

As estratégias retóricas que aparecem na desinformação climática aparecem também nos argumentos negacionistas  em uma série de questões científicas (Ceccarelli, 2011) e podem ser resumidas em cinco técnicas de negação: falsos especialistas, falácias lógicas, expectativas impossíveis, escolhendo a cereja, e teorias da conspiração, resumidas na sigla FLICC (Diethelm & McKee, 2009; Hoofnagle, 2007). Já Hansson (2017) propõe quatro características alternativas do negacionismo da ciência climática  que têm alguma sobreposição com a estrutura FLICC de Hoofnagle: colheita de cereja (escolhendo a cereja), negligência de refutar informações, fabricação de controvérsias falsas e exigência níveis impossíveis de comprovação científica, incompatíveis com a ciência.

Veja a seguir três aulas do pesquisador do negacionismo, que nos trás de modo claro o que é, como atuam esses grupos e em que baseiam suas concepções.






Taxonomia de técnicas negacionistas e falácias lógicas na desinformação climática.


1) Fake experts ou falsos especialistas

Um cientista comprado ou cientista/especialista de um campo não relacionado para dizer que seus dados, falta de dados, dados com falhas comprovadas ou sua opinião de especialistas refutam a validade de todo o campo. No fundo são charlatães que falam com "ar de autoridade" que de fato não possuem, semeando confusão na mente de pessoas não treinadas. 

Na verdade, são pessoas que leram sobre o assunto, porém nunca tiveram treinamento efetivo e sistemático em ciências, ou mesmo sobre o fato, nem estudado sistematicamente a questão, referente ao assunto. Normalmente não possuem curso na área que estão falando, mas em alguma área correlata, ou nem isso.  Por não ter formação em ciência não sabe como a ciência funciona nem atua, nem quais são os pressupostos das pesquisas. E assim, passam a emitir opiniões que são mais chutes as vezes bem argumentados usando falácias, mas na maioria das vezes nem isso. Para emitir uma opinião abalizada ou falar sobre um assunto é necessário formação e experiência sobre o assunto e no campo científico, do contrário será somente "achismo" e confusão.  

2) Logical Fallacies, Falácias lógicas 

As falácias geralmente usadas são metáfora/argumento por analogia, apelos à consequência, espantalhos ou pistas falsas, entre tantas outras existentes. A metáfora, como se sabe, é uma ferramenta útil na linguagem para ajudar a comunicar ideias em termos de senso comum. No entanto, não é um argumento em si. Os negacionistas costumam usar argumentos metafóricos ou analogias para sugerir que os dados científicos estão errados. Por exemplo, os criacionistas usarão como argumento a metáfora de que dizer que a seleção natural conduz aos humanos é como dizer que é provável que você possa montar um jato jumbo que possa voar simplesmente sacudindo as partes constituintes em uma caixa por 5 bilhões de anos. Ou que uma ratoeira é muito complexa para a evolução porque se faltasse uma única parte não funcionaria.

Segundo os dicionários, uma falácia logica é um um argumento frequentemente plausível usando raciocínio falso ou ilógico. 
Uma falácia lógica é uma afirmação que pode parecer à primeira vista verdadeira, mas, depois de aplicar as regras da lógica, constata-se que não são verdadeiras, isso porque no argumento, uma ou ambas as premissas são falsas ou contem falsidades. Falácias lógicas muitas vezes podem ser tentativas de enganar as pessoas e fazê-las acreditar em algo que não é necessariamente verdade.

A lógica Aristotélica é baseada no silogismo, um sistema argumentativo baseado em proposições que levam a uma conclusão. Nesse caso, a lógica aristotélica não se preocupa em validar as proposições ou a conclusão, mas observar como as premissas foram concluídas. Ela busca identificar o que faz o silogismo ser verdadeiro. A lógica fornece o modo do bem pensar, de forma a satisfazer determinados critérios e para que os interlocutores encontrem o caminho da verdade.

O silogismo é composto por três proposições: 

Premissa maior (PM), 
Premissa menor (Pm) e a 
Conclusão (C). 

Ex.:

Todos os homens são mortais. (PM)
Sócrates é homem, (Pm)
Logo,
Sócrates é mortal (C).

“Todos os homens são mortais” é premissa universal afirmativa (premissa maior), a proposição inclui todos os seres humanos.
“Sócrates é homem” é premissa particular afirmativa (premissa menor), referindo-se apenas a Sócrates.
“Sócrates é mortal” é a conclusão, que nosso juízo, nosso intelecto, chega ao constatar que “Sócrates” fazendo parte do conjunto universal “todos os homens”, por isso necessariamente tem que ser “mortal”. 

 
Taxonomia FLICC segundo (John Cook, 2020).


3) Impossible expectations, Expectativas irreais

O uso da ausência de conhecimento completo e absoluto para impedir a implementação de políticas sólidas ou a aceitação de uma ideia ou teoria. É um pouco como argumento ad ignorantiam, mas mais sinistro. Basicamente, sugere-se que até que um assunto seja compreendido completamente e totalmente (geralmente exigindo um nível de conhecimento encontrado apenas em divindades), nenhuma ação pode ser razoavelmente tomada. É esperar muito mais do que a ciência pode oferecer. A ciência não produz verdades absolutas. 

4) Cherry picking, Seleção a dedo ou “catar uma cereja”

Os negacionistas costumam citar um artigo crítico apoiando sua ideia, ou artigos notoriamente desacreditados ou falhos destinados a fazer o campo parecer baseado em pesquisas fracas. Normalmente escolhem artigos que não passaram pelo crivo de "referees" especializados, pesquisas apócrifas, publicadas em jornais ou revistas não indexadas. A mineração de citações também é um exemplo de argumento "seletivo", ao usar uma declaração fora de contexto, assim como usar papéis ou dados fora de contexto, eles são capazes de semear confusão.

5) Conspiracy theories, Teorias da conspiração

Sugerindo que os cientistas têm algum motivo oculto para suas pesquisas ou fazem parte de alguma conspiração. Ou estão suprimindo dados para que o povo não consiga entender toda a complexidade do campo. O exemplo mais básico dessa mentira é dizer que, se os cientistas fizessem descobertas contrárias, perderiam seu financiamento. O exemplo mais grave é sugerir que os cientistas estão engajados em algum tipo de "encobrimento" elaborado ou que fazem parte da conspiração sionista contra a raça ariana. Seja como for, dá no mesmo.

Assim, reconhecer essas táticas é o primeiro passo para desmascarar ou simplesmente descartar esses argumentos sombrios e perturbadores que prejudicam o debate legítimo e semeiam confusão sobre os fatos científicos.




DE ARISTÓTELES A FRANCIS BACON
Aristóteles e as leis do raciocínio

Foi Aristóteles o responsável pelo primeiro estudo formal do raciocínio. O raciocínio lógico é um método utilizado para organizar o pensamento de acordo com normas lógicas e, a partir daí, concluir uma questão ou resolver um enigma. Ele se divide em três tipos: dedução, indução e abdução.

Em lógica, como visto, pode-se distinguir três tipos de raciocínio lógico: dedução, indução e abdução
Dada uma premissa, uma conclusão, e uma regra segundo a qual a premissa implica a conclusão, eles podem ser explicados da seguinte forma:

Dedução
Dedução corresponde a determinar a conclusão. 
Utiliza-se da regra e sua premissa para chegar a uma conclusão. 
Exemplo: "Quando chove, a grama fica molhada. Choveu hoje. Portanto, a grama está molhada." 
É comum associar os matemáticos com este tipo de raciocínio.

Indução
Indução é determinar a regra. É aprender a regra a partir de diversos exemplos de como a conclusão segue da premissa. 
Exemplo: "A grama ficou molhada todas as vezes em que choveu. Então, se chover amanhã, a grama ficará molhada." 
É comum associar os cientistas com este estilo de raciocínio.

Adbução
Abdução significa determinar a premissa. Usa-se a conclusão e a regra para defender que a premissa poderia explicar a conclusão. 
Exemplo: "Quando chove, a grama fica molhada. A grama está molhada, então pode ter chovido." 
Associa-se este tipo de raciocínio aos diagnosticistas e detetives.

Abdução

O termo “abdução” foi primeiramente introduzido pelo filósofo Charles Sanders Peirce (séc. XIX). Pierce foi o primeiro a distinguir a abdução como sendo uma forma de inferência lógica, a par com a dedução e a indução, para conhecer/interpretar um fenómeno (pontotga)

A dedução parte de certas hipóteses consideradas verdadeiras (premissas), e retira delas um resultado que é implícito:

Lei geral: todos os mamíferos são mortais
Caso: Sócrates é mamífero
Resultado: Sócrates é mortal

A indução, enquanto processo lógico/analítico, permite comprovar uma determinada teoria após a sua experimentação prática. A indução é muitas vezes entendida como um tipo de raciocínio lógico com a finalidade de derivar generalizações, isto é, se algo é válido para uma amostra de uma população, então é igualmente válido (dado que a observação seja em número suficiente e representativo do universo estudado) à totalidade da população.

A indução é um processo mental que, para chegar ao conhecimento ou demonstração da verdade, parte de fatos particulares, comprovados, e tira uma conclusão generalizada para todo o universo observado. 
O método indutivo é uma operação mental que consiste em se estabelecer uma verdade universal ou uma referência geral com base no conhecimento de um certo número de dados singulares. 

Exemplo: Todos os cães que foram observados tinham coração. 
Logo, todos os cães têm um coração.(significados)

Por outro lado, a abdução é assim como que uma “lei da liberdade”, no sentido em que as ideias são livremente associadas, de forma criativa, para a obtenção/conclusão/estabelecimento de um resultado ou uma “lei da criatividade”. 
Em termos de raciocínio lógico abdutivo, é justamente a associação de ideias gerais que permite a inclusão de inferências criativas necessárias a todo o método investigativo/interpretativo de descoberta.

Regra: Todos os homens são mortais.
Caso: Sócrates é mortal.
Hipótese muito provável: Sócrates é um Homem

As três técnicas: a indução, a dedução e a abdução, devem ser usadas numa investigação, mas não necessitam obedecer a uma ordem específica. Todavia o melhor método é iniciar pela indução, i.e., observando um subconjunto do universo que se quer estudar para inferir as possíveis leis que o governam. 

História

Aristóteles (sec. III a.C.) foi o primeiro pensador a elaborar três princípios ou axiomas referentes a forma como funciona o nosso raciocínio. Aristóteles não disse ou determinou que essa deveria ser a forma como pensamos, mas sim constatou que é essa a forma como pensamos. Ou seja, ele descobriu como o cérebro (o espírito ou a mente) julga e enuncia os juízos. 

Para Aristóteles, o seu discurso não será convincente se você não puder provar logicamente o que está enunciando (sendo dito).

Aristóteles estabeleceu princípios centrais para a sua lógica que são: 

a) Princípio da identidade 
b) Princípio da contradição ou da não-contradição e o
b) Princípio do terceiro excluído


a) Princípio da identidade 

O princípio da identidade diz que algo é idêntico a si mesmo; e um enunciado deve se manter igual a si mesmo. Simbolicamente, podemos dizer X = X ou P=P.
Exemplo: quando eu digo a frase “Toda rosa é perfumada”, eu e meu interlocutor devemos estar conscientes do que significa o substantivo “rosa” e o adjetivo “perfumada”. Ou seja, temos que entender que o termo “rosa” usado aqui se refere à flor e não à cor. Quando eu falo “Toda rosa é perfumada”, eu estou dizendo “Toda “flor”  da espécie rosa possui perfume”, e não que “Toda COR rosa possui perfume”.


b) Princípio da contradição ou princípio da não-contradição 
 
O princípio da não contradição diz que algo não pode ser e não ser a mesma coisa, no mesmo tempo e sob a mesma perspectiva ou aspecto; e um enunciado não pode ser ao mesmo tempo verdadeiro e falso. 
Simbolicamente, se X = X, então “X” não pode ser “não-X”.
Exemplo: Quando eu me refiro a uma flor específica, ou eu digo “A minha flor é perfumada” ou “A minha flor não é perfumada”. Essa mesma flor não pode ser perfumada e não possuir aroma ao mesmo tempo para mim. 
Ela pode até mudar seu odor ou deixar de tê-lo, mas em um determinado momento, ou ela é uma coisa ou é outra. A mesma coisa ocorre com diferentes pessoas que estão cheirando a flor: para uns, pode ser perfumada e para outros, não. Isso é válido. O que não pode é ser e não ser ao mesmo tempo na mesma hora para a mesma pessoa.


c) Principio do terceiro excluído 

Em lógica, a lei do terceiro excluído (em latim, principium tertii exclusi ou tertium non datur) é a terceira de três clássicas Leis do Pensamento. Ela afirma que, para qualquer proposição, ou esta proposição é verdadeira, ou sua negação é verdadeira.

A primeira formulação conhecida foi o princípio da não-contradição, de Aristóteles, proposto pela primeira vez em “Da Interpretação”, onde ele diz que de duas proposições contraditórias (ou seja, uma proposição é a negação de outra) uma é necessariamente verdade e a outra falsa. Ele também afirma isso como um princípio no livro 3 da Metafísica, dizendo que em todo caso é necessário afirmar ou negar, e que é impossível que haja qualquer coisa entre as duas partes da contradição. Esse princípio foi declarado como um teorema da lógica proposicional por Russel e Whitehead em Principia Mathematica. (WP). 

Aristóteles escreveu que ambiguidade pode surgir do uso de nomes ambíguos, mas não pode existir nos fatos em si.

"É impossível, então, que "ser um homem" deveria significar precisamente "não ser um homem", se "homem" não apenas signifique algo sobre um sujeito mas também tenha uma significação. ... E não será possível ser e não ser a mesma coisa, exceto em virtude de uma ambiguidade, tal qual se aquele ao qual denominamos de "homem", e outros que fossem a denominar "não-homens"; mas o ponto em questão não é esse, se a mesma coisa pode ao mesmo tempo ser e não ser um homem na denominação, mas se pode ser de fato." (Metaphysica 4.4, W.D. Ross (trans.), GBWW 8, 525–526)

A asserção de Aristóteles de que "não deve ser possível ser e não ser a mesma coisa", que seria escrita em lógica proposicional como  ¬ (P ∧ ¬P), é uma sentença que lógicos modernos chamariam de lei do terceiro excluído (P ∨ ¬P), já que a distribuição da negação na asserção de Aristóteles as tornariam equivalentes, independente de que a anterior afirma de que nenhuma sentença é tanto verdadeira quanto falsa, enquanto a última requer que qualquer sentença seja ou verdadeira ou falsa.

Falácias 
 
Assim, a Falácia significa erro, engano ou falsidade. Normalmente, uma falácia é uma ideia errada que é transmitida como verdadeira, podendo levar ao engano outras pessoas.

No âmbito da lógica, uma falácia consiste no ato de chegar a uma determinada conclusão errada a partir de proposições que são falsas.
A filosofia de Aristóteles abordou a chamada “falácia formal” como um sofisma, ou seja, um raciocínio errado que tenta passar como verdadeiro, normalmente com o intuito de ludibriar outras pessoas.

De acordo com a lógica aristotélica, a “falácia informal” difere-se da formal, principalmente pelo fato da primeira usar de raciocínios válidos, a princípio, para chegar a resultados que sejam inconsistentes e com premissas falsas.
Ao contrário das falácias formais, que são mais fáceis de identificar, as falácias informais, por apresentar uma forma lógica válida, podem ser de difícil identificação.

Falácia também pode ser sinônimo de ardil ou logro, uma atitude que tem como objetivo obter vantagem sobre outra pessoa, enganando-a. 
Muitas vezes está relacionado com a falta de honestidade.

O termo falácia tem origem no latim: fallacia, esta palavra indica a característica ou propriedade de algo que é falaz, i.e., enganoso, que engana ou ilude.

Em alguns casos, falácia também pode também indicar gritaria ou falatório, uma confusão causada pelo barulho de muitas vozes dissonantes.

Outros métodos procuram chegar ao conhecimento, buscando a demonstração da verdade através de diversas formas. 

O método empírico é baseado unicamente na experiência, é caracterizado pelo senso comum, sem nenhuma comprovação. 

O método científico, parte da observação sistemática dos fatos, da experiência, das deduções lógicas e da comprovação. 

Há também os céticos, que baseados no ceticismo, duvidam de tudo e reconhecem na dúvida a única atitude do sábio. Filosoficamente válido para iniciar uma investigação que se proponha científica, mas inviável frente aos dados objetivos produzidos pela ciência.

Francis Bacon, foi um filósofo e ensaísta inglês que dedicou-se à filosofia científica. É considerado o pai do método experimental.

Em suas obras, destaca a primazia dos fatos em relação à teorização e rejeita a especulação filosófica (dos ceticismo absoluto) como cientificamente válida. Discute a origem das coisas e a natureza da matéria. 
Bacon afirma que sem conhecimento não existe poder. Seu método indutivo partia da observação dos fatos, através do raciocínio indutivo, ou seja, pela experimentação daquilo que podia ser passível de observação. O empirismo científico de Bacon despertou no homem o gosto pelo concreto e pela experiência controlada que leva a resultados objetivos e práticos (significados).



FALÁCIAS LÓGICAS  

1. Falácia do Espantalho, Straw man fallacy
Um espantalho é um boneco intencionalmente construído para assemelhar-se a um ser humano a fim de espantar aves indesejadas de determinadas plantações. A falácia do espantalho (the straw man fallacy) é um tipo de falácia não-formal e é um modo de argumentação onde, em um debate entre duas pessoas, um oponente se propõe a refutar o argumento adversário mas, no fim, o faz distorcendo este argumento e, ao atacar a versão distorcida, mais fácil de ser refutada, considera ter derrotado o argumento original. Diz-se a respeito de quem argumenta dessa maneira que ele criou um espantalho e o derrotou em uma luta, considerando, assim, que também derrotou o homem verdadeiro (no caso, o argumento adversário)(infoescola).

Desvirtuar ao máximo um argumento para torná-lo mais fácil de atacar. Ex.:

O evolucionismo afirma que os seres humanos não são diferentes dos macacos. No entanto, os seres humanos são diferentes dos macacos porque são muito mais inteligentes do que eles. Logo, o evolucionismo está errado.

A falácia do espantalho é utilizada de forma maliciosa quando alguém distorce intencionalmente um argumento adversário a fim de tornar mais fácil sua refutação. Veja o exemplo abaixo, utilizado por Patrick J. Hurley:

O Sr. Goldberg argumentou contra a oração nas escolas públicas. Obviamente o Sr. Goldberg é a favor do ateísmo. Mas ateísmo é o que havia na Rússia. O ateísmo leva à supressão de todas as religiões e à substituição de Deus por um estado Onipotente. Isto é o que queremos para este país? Eu duvido. Claramente o argumento do Sr. Goldberg não tem nenhum sentido.

Aqui, o ateísmo é um espantalho utilizado pelo opositor do Sr. Goldberg a fim de vencer seu argumento de maneira mais fácil, pois claramente o argumento do Sr. Goldberg possui premissas, tais como a pluralidade religiosa e a laicidade do Estado, que são desconsideradas quando se trata do ateísmo.


2. Falácia da Falsa Causa
A falácia da falsa causa ou da falsa causalidade é um tipo de falácia não formal e aparece em qualquer argumentação que estabeleça uma relação de causa e efeito entre dois elementos quando, na verdade, não existe esse tipo de relação entre elas. Pode-se encontrar a falácia da falsa causa em três formas distintas. 
A primeira delas é conhecida como post hoc ergo propter hoc (“depois disto, portanto por causa disso”). Neste caso, o argumento é construído de modo a estabelecer uma relação de causalidade entre um elemento e outro por que o primeiro é temporalmente anterior do segundo. Por exemplo:

Nas últimas copas do mundo de futebol, toda vez que o cantor Mick Jagger vestiu a camisa da seleção brasileira ela foi derrotada. Portanto, para que que seleção brasileira seja campeã da copa do mundo, Mick Jagger deve parar de usar a camisa da seleção (infoescola).

A segunda forma é comumente denominada non causa pro causa (“o que não é a causa pela causa”). Ela acontece quando o que é tomado como causa de algo não é realmente sua causa e este erro de causalidade acontece por outros fatores além da mera sucessão temporal. Veja-se o exemplo:

O Brasil possui um número excessivo de leis e, no entanto, nunca houve tantos escândalos de corrupção como atualmente. Portanto, se diminuirmos o número de leis a corrupção também diminuirá.

O erro do exemplo acima é considerar que o excesso de leis no Brasil é a causa da existência da corrupção.

Finalmente, a falsa causalidade aparece em sua terceira forma como causa simplificada. Aqui, a falácia acontece quando são diversas as causas de um determinado acontecimento e, no entanto, escolhe-se considerar apenas uma delas como causa, simplificando um caso complexo, como no exemplo abaixo:

O desempenho nas escolas públicas do Rio de Janeiro há anos vai de mau a pior, formando até alunos analfabetos. É óbvio que a culpa é dos professores.

A falácia do exemplo acima está em considerar que os professores são os únicos responsáveis pelo mau desempenho dos alunos nas escolas do Rio de Janeiro, quando, obviamente, há diversos outros fatores envolvidos, como: se os alunos vivem em área de risco, se têm se alimentado adequadamente, como é sua estrutura familiar, etc.

Apontando para um gráfico, Jorge mostra como As temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o número de piratas estava diminuindo, portanto, a presença dos piratas esfria o mundo e aquecimento global é uma farsa, já que sabemos que piratas não baixam a temperatura do planeta.


3. Falácia do Apelo à emoção
Tentar manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.

A falácia do apelo à emoção ou argumentum ad passiones é a falácia informal que ocorre quando se usa a manipulação dos sentimentos do receptor como forma de convencê-lo da validade de um argumento. É um tipo de apelo à crítica, que se usa de argumentos que não abordam a questão sendo discutida. Apelar para a emoção pode incluir, além da própria falácia de apelo à emoção, outras, entre elas:
Apelo à consequência; 
Apelo ao medo
Apelo à vaidade
Apelo à misericórdia
Apelo ao ridículo
Apelo ao ódio
Wishful thinking

O apelo à emoção pode ser feito de modos muito distintos, provocando a seu receptor uma sensação boa, como de alegria e excitação, ou ruim, como medo e culpa. No apelo à emoção, desconsidera-se a validade dos argumentos, levando em conta apenas os que lhe parecem agradáveis, sendo considerada um modo irracional de se julgar algo. Essa falácia é comumente usada em propagandas, com o apelo à emoção visual, como fotos de lugares bonitos, pessoas felizes ou outra que cause uma sensação positiva às pessoas (WP).


4. A falácia da falácia
A falácia da falácia, chamada argumentum ad logicam em latim, ocorre quando tiramos uma conclusão errada do fato de um argumento ser falacioso. 
Se você descobre que um determinado raciocínio é falacioso, infere disso que sua conclusão é falsa? Se fizer isso, estará cometendo a falácia da falácia. Deve considerar, para não cometer esse erro, a diferença entre argumento inválido e afirmação falsa. Uma falácia é um argumento inválido, mas disso não se segue que sua conclusão tenha que ser falsa, pois verdade e validade são coisas diferentes.

Considere o exemplo:

P1.: Nos Estados Unidos há mais facilidade para que pessoas comuns comprem armas e lá há menos violência que no Brasil.
Portanto, se no Brasil houvesse mais facilidade para pessoas possuírem armas, haveria menos violência.

O argumento acima é um tipo de falácia chamada de falsa analogia. O problema desse argumento é fazer uma comparação muito parcial entre os países ao ignorar diferenças que são relevantes para o nível de violência, como nível de renda, desigualdade, desenvolvimento econômico, crime organizado etc.

P1.: Se Sofia está em Porto Alegre, então ela está no Rio Grande do Sul
P2.:Sofia está no Rio Grande do Sul.

Portanto, ela está em Porto Alegre.

Essa falácia é chamada de afirmação do consequente. É fácil notar que esse não é um bom argumento, já que não podemos concluir que, só por ela estar em um estado do Brasil, ela necessariamente se encontra em uma cidade desse estado. Por outro lado, estaríamos cometendo uma falácia da falácia ao pensar que a conclusão do argumento é falso, ou seja, que Sofia não está em Porto Alegre, simplesmente porque o argumento é falacioso (filosofianaescola).


5. Falácia da Ladeira Escorregadia ou bola de neve
Ladeira escorregadia ou bola de neve é uma falácia que ocorre quando dizemos que, se permitirmos que algo aconteça isso levará a uma sequência inevitável de eventos e pelo menos um desses é totalmente indesejável.

Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça "A" fará com que aconteça "Z", e por isso não podemos permitir "A".

Você afirma (ou faz parecer) que se permitirmos que um determinado fato "A" aconteça, então eventualmente o fato "Z" também ocorrerá, portanto "A" não deve e não pode acontecer. Ex.:

Se aceitarmos que o Estado proíba discursos de ódio, não demorará para que aceitemos também que proíba vídeos pornográficos, e depois que proíba discursos minoritários, e depois que proíba discursos críticos ou contrários ao governo, até que se tenha esvaziado toda liberdade de expressão e já não possamos dizer mais coisa alguma livremente sem sermos punidos.

Se permitirmos o aborto de fetos anencéfalos, daqui a pouco estaremos permitindo também o aborto de fetos com deficiências físicas, e depois de fetos com doenças graves, e depois de quaisquer fetos indesejados, até que não haja mais limite e tenhamos, sem perceber, perdido toda proteção à vida intrauterina e permitido todas as formas de aborto.

Se permitirmos o casamento entre casais do mesmo sexo, antes que percebamos, estaremos permitindo que as pessoas se casem com seus pais, seus carros ou mesmo com macacos.


6. Falácia Ad hominem
O Argumentum ad Hominem, literalmente, argumento contra o homem, é um tipo de falácia de relevância, um subgrupo do que é conhecido no campo da lógica como falácias não-formais. Nesse modelo de falácia é necessária a participação de uma ou mais pessoas em um debate e ela acontece quando um debatedor ataca diretamente a pessoa de seu oponente e não seu argumento, a fim de invalidá-lo. Pode aparecer de três formas: ad hominem ofensivo, ad hominem circunstancial e tu quoque (“você também”, em latim). (Está falácia é também conhecida em inglês pelos nomes: appeal to bias, appeal to motive, appeal to personal interest, argument from motives, conflict of interest, faulty motives, naïve cynicism, questioning motives, vested interest).

No caso ofensivo, o debatedor, em vez de refutar a verdade do argumento adversário, ataca diretamente o caráter pessoal do oponente. Sendo assim, pode-se encontrar o seguinte argumento:

O sr. Nestor está, neste exato momento, sendo acusado e julgado por lavagem de dinheiro. É óbvio que não podemos levar em conta o que fala uma pessoa tão desonesta.

Neste caso, a possível desonestidade do oponente é irrelevante para a verdade de sua afirmação, tendo em vista que, mesmo que seja verdade a acusação adversária, isto não implica que o sr. Nestor só diga mentiras.

O caso Ad hominem circunstancial é mais indireto, apontando, como o nome diz, circunstâncias envolvendo a vida particular do oponente.

É evidente que a motivação de Júlio em combater o consumo de vegetais oriundos de fazendas que utilizam agrotóxicos em suas plantações é seu interesse em aumentar as vendas de seus vegetais orgânicos. Não devemos, portanto, aceitar sua argumentação sobre esse tema.

O argumento acima deseja invalidar a posição do oponente atacando seu tipo particular de negócios. No entanto, o tipo de trabalho empreendido por Júlio não é relevante para a verdade lógica de seu argumento. Júlio pode estar fundamentado em pesquisas científicas que apontam como os agrotóxicos são prejudiciais à saúde humana. Este tipo de argumentação é, às vezes, denominado de "envenenar o poço".

Tu quoque ou você também. Neste terceiro e último caso, o ataque falacioso é cometido na tentativa de fazer com que o adversário seja considerado hipócrita. Assim, num debate político um candidato é acusado de agir de modo contrário à sua conclusão, como a seguir:

O candidato agora afirma que, para o bem do povo, os impostos sobre alimentos devem ser reduzidos. No entanto, o público deve saber que em seu último mandato o candidato votou a favor do aumento destes mesmos impostos. Devemos concluir, portanto, que o candidato mente descaradamente.

Por mais que a acusação acima seja comum e que, de fato, este argumento põe em questão a confiança no candidato, este argumento não é logicamente válido para invalidar a verdade de sua afirmação.

O Argumentum ad Hominem é uma falácia porque não é uma argumentação lógica mas, sim, apela para questões psicológicas. Não afeta a verdade das conclusões mas sim sua confiança. No entanto, verdade e confiança são intimamente conectados. Assim, quem faz uso dessa falácia é frequentemente bem sucedido, pois apelam para as emoções do espectador.

Não importa quem está falando, ou que reputação damos à quem enuncia, a sentença verdadeira será sempre verdadeira venha de onde vier. 


7. Falácia da Incredulidade pessoal
O Argumento da Incredulidade Pessoal é um tipo de Argumento da Ignorância, uma falácia informal de relevância.

A teoria da evolução das espécies através da seleção natural, vem sendo corroborada por áreas distintas do conhecimentos científico como a paleontologia, a estratigrafia, embriologia, biogeografia, geologia, a genética, a genômica, etc, mostrando que a Evolução enquanto teoria, vem passando por vários testes de falseabilidade, o que a torna uma teoria bem estabelecida, robusta e aceita pela comunidade cientifica. Contudo, muita gente ainda não entende bem a evolução, nem seus mecanicanismos, e por isso acaba cometendo uma falácia lógica: A falácia da incredulidade pessoal, que se caracteriza por: considerar algo de difícil entendimento, denso, e complicado, ou não sabe como funciona, por isso dá a entender que não seja verdade.
Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.

Outro exemplo muito comum do emprego dessa falácia é nas teorias conspiratórias, como a de que as pirâmides do Egito não foram construídas pelos humanos. O argumento de que a arquitetura é muito complexa para a Era do Bronze, portanto só poderiam ter sido construídas por não humanos. Essa ideia na verdade constitui um preconceito e um anacronismo: essa ideia de que povos antigos não teriam capacidade de erguer construções sofisticadas arquiteturalmente e matematicamente, provém simplesmente da flata de conhecimento da evolução das construções e das técnicas usadas pelos humanos ao longo de sua história. Todos os especialistas nos assuntos concordam que os teóricos conspiradores não se aprofundam devidamente nos seus estudos e tiram conclusões enganosas.


8. Falácia da Alegação especial
Incorre nessa quem altera as regras ou abre uma exceção quando seu argumento ou afirmação é exposta como falsa. Em vez de aproveitar os benefícios do contraditório de poder mudar de idea graças a um novo entendimento, ou para  corrigir algum equívoco lógico, é comum a criação ou inventam de maneiras de se agarrar a velhas crenças. Costuma ser fácil encontrar motivos para acreditar em algo que favorece uma tese decadente, e é necessária uma boa dose de integridade e honestidade acadêmica para examinar as próprias crenças e motivações sem cair na armadilha das falácias de alegação especial. 
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa, equivocada. Ex.:

Edward Johns alegou ser vidente, mas quando suas "habilidades" foram testadas sob a condições científicas, estas desapareceram magicamente. Edward explicou isso dizendo que é preciso ter fé em suas habilidades para fazê-las funcionar.


9. Falácia da Pergunta carregada
Pergunta complexa ou, em latim, plurium interrogationum (em português, "múltiplas perguntas") é uma pergunta que traz implícita uma afirmação que, na realidade, poderia ser objeto de dúvida ou que mereceria uma pergunta anterior. Assim, dois tópicos sem relação (ou de relação duvidosa) são conjugados e tratados como uma única pergunta, mediante a conversão de um desses tópicos em pressuposto. Pretende-se assim que o interlocutor aceite ou rejeite ambas quando, de facto, uma pode ser aceitável e a outra não. Trata-se, portanto, de um uso abusivo do operador "e" , resultando em uma armadilha retórica, em que uma pergunta não pode ser respondida sem que se admita o pressuposto, que pode ser falso.
Portanto, perguntas complexas podem ser, embora nem sempre sejam, falaciosas, podendo tratar-se de um caso de falácia informal.

Fazer uma pergunta que contenha uma presunção tal, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa, ou falsidade de uma das perguntas. Ex.:

Quando foi que Deus criou o Universo? A pergunta assume que 1) o Universo foi criado e 2) que Deus o fez. De fato, poderia ser decomposta em três perguntas : 1) O Universo foi criado? 2) Se foi criado, Deus o criou? 3) Sendo assim, quando foi criado?


10. Ônus da prova
A inversão do ônus da prova é uma falácia lógica que ocorre quando um indivíduo tenta passar para outro o ônus que existia em sua afirmação original. Tal inversão é muito comum em debates sobre a existência ou inexistência de algo, como Deus.
Em epistemologia, o ônus da prova é a obrigação de um indivíduo, em uma disputa epistêmica, de fornecer garantias suficientes para sustentar a sua posição.

Ao debater sobre qualquer assunto, existe o ônus implícito da necessidade de uma prova que cabe à pessoa que está fazendo uma afirmação.

Afirmações que atribuam um valor de verdade a uma proposição precisam de provas que sustentem tal qualificação. Afirmar a existência ou a inexistência de algo, afirmar o funcionamento ou não funcionamento de um método ou afirmar a presença ou ausência de uma característica: todas estas afirmações oneram o proponente com a necessidade de provas que as sustentem.

Um apelo à ignorância ocorre quando qualquer proposição é assumida como verdadeira porque ainda não foi provada falsa. Em outras palavras, uma afirmação (“isto existe”) é uma proposição que incorre no ônus da prova.

A inversão do ônus da prova é uma falácia lógica que ocorre quando um indivíduo tenta passar para outro o ônus que existia em sua afirmação original. Tal inversão é muito comum em debates sobre a existência ou inexistência de algo, como Deus.

Quando uma afirmação se propõe a provar uma negativa, o ônus assume a forma de uma prova negativa, prova de impossibilidade, ou mera evidência de ausência.

Se esta afirmação negativa é em resposta a uma reivindicação feita por uma outra parte em um debate, afirmando a falsidade da alegação positiva, ela desloca o ônus da prova do indivíduo que fez a primeira afirmação para o segundo, que propôs a sua falsidade.

É importante ressaltar que a partir do momento em que um proponente oferecer evidências que sustentem a sua afirmação, o ônus da prova é transferido para o oponente. Se A afirma que “existem tigres pretos” e oferece provas de sua afirmação (fotografias, filmagens, pesquisas ou qualquer outro tipo de evidência), caberia a B provar que tais evidências seriam falsas.

Em todo debate é comum que o ônus da prova seja transferido entre os debatedores, diversas vezes, durante o processo de argumentação. Entretanto, é crucial perceber que uma afirmação como "eu não acredito que X é verdadeiro” é epistemologicamente diferente de uma negação explícita, como "eu acredito que X é falso."

Na construção do conhecimento científico, o ônus da prova aparece quando um pesquisador propõe uma nova visão sobre algum tema. Para satisfazer tal ônus, o processo mais comum é a busca de evidências por meio de pesquisas seguindo o método científico. A ciência, no entanto, não está em busca de provas absolutas, mas da construção de modelos teóricos capazes de descrever a realidade e prever o seu comportamento. Por meio do empirismo, os cientistas acumulam evidências capazes de sustentar as suas hipóteses que serão então analisadas pelo resto da comunidade científica (WP).

Você espera ou afirma que outra pessoa prove que você está errado, i.e., o ônus da prova não recai sobre a pessoa que faz uma reclamação, em vez de você mesmo provar que está certo. Ex.:

Bernardo afirma que um bule está, a todo o momento, em orbitar ao redor do Sol entre a Terra e Marte, e como ninguém pode provar que ele está errado, sua declaração é então válida.


11. Falácia da Ambiguidade
A anfibologia (do grego amphibolia) é considerada um vício de linguagem que vem a ser, na lógica e na linguística moderna, um sinônimo de ambiguidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação. É a falta de clareza que acarreta duplo sentido; em suma, significado duvidoso (WP).

Etimologicamente, "dicção ambígua". O mesmo que ambiguidade. É o que apresenta duas faces, dois sentidos. Emprega-se em gramática para designar os equívocos de sentido provenientes de construção defeituosa da frase ou do uso de termos impróprios. Aristóteles cita anfibologia como um dos seis vícios que podem produzir a falsa aparência de um argumento. Do grego amphibolos, fala incerta. Uma frase cuja estrutura gramatical permite diferentes interpretações, e.g., "Ela o viu com binóculos" (era ele que estava com binóculos? Ou foi ela que usou binóculos para vê-lo?).

Na lógica aristotélica, designa uma falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical da sentença de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.

A ambiguidade pode ser proposital ou inconsciente (ato falho) ou, ainda, dar-se por mero descuido do falante ou do escritor ao organizar as palavras do enunciado.

Além disso pode ser usada como recurso falacioso de argumentação ou como recurso estilístico. O uso estilístico da ambiguidade é comum na poesia (licença poética) e também na linguagem informal, sobretudo no cotidiano do registro falado de uma língua (em brincadeiras, insinuações, por meio de trocadilhos e jogos de palavras). Neste caso, a utilização da ambiguidade se vale da polissemia das palavras ou da semelhança fonética, fenômenos linguísticos presentes em praticamente todas as línguas.

De um modo geral, a ambiguidade é considerada um vício de linguagem ou recurso estilístico, e a anfibologia, uma falácia informal.

Falácias de ambiguidade ocorrem quando existe um duplo sentido em alguma palavra do argumento, seja nas premissas, seja na conclusão.

Anfibologia
A anfibologia é uma falácia que ocorre quando se usa uma frase gramaticalmente ambígua durante um raciocínio.

Equívoco
O equívoco ocorre quando a conclusão depende do fato de uma palavra ou frase ser usada, seja explicitamente, seja implicitamente, em mais de um sentido.

Exemplo:

Alguns triângulos são obtusos.
Todo obtuso é ignorante.
Alguns triângulos são ignorantes.

Nesse argumento, a palavra “obtuso” é usada em mais de um sentido. No primeiro caso, se refere a um certo tipo de ângulo. No último, a uma pessoa que não tem conhecimento. Ao se confundir esses dois sentidos nas premissas do argumento, o resultado foi uma conclusão sem o menor sentido.

Usar duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo a confundir ou distorcer a verdade, ou seja de modo enganoso. Ex.:

Quando o juiz perguntou ao réu por que ele havia entrado nu em uma a loja de artigos esportivos, ele responde que viu uma placa na entrada que dizia “Hoje, desconto nas bolas."


12. Falácia do apostador
A Falácia do Jogador, também conhecida como Falácia do Apostador ou Falácia de Monte Carlo, é o viés comportamental que se origina de uma falha em compreender a noção de independência estatística e que nos faz “calcular” a probabilidade de um acontecimento com base na quantidade de vezes que ele já ocorreu. 
Por exemplo, em um jogo de “cara ou coroa” que tenha ocorrido “cara” muitas vezes seguidas, esse viés pode levar uma pessoa a acreditar que a probabilidade de sair “coroa” no próximo lançamento é maior do que 50%, ignorando o fato de que cada jogada é um evento independente.

O mais famoso exemplo de falácia do apostador ocorreu em um jogo de roleta no Cassino de Monte-Carlo em 18 de agosto de 1913, quando a bola caiu em uma casa preta 26 vezes em sequência. Este foi um evento extremamente incomum: a probabilidade disso acontecer é de 1 em 67 108 863. Apostadores perderam milhões de francos apostando contra o preto, achando incorretamente que a sequência estava causando um desequilíbrio na aleatoriedade da roda, e que isso implicaria numa sequência de vermelho nas jogadas seguintes.

Falácia do apostador resulta de uma crença em generalização apressada, ou a errônea crença que pequenas amostras devem ser representações de grandes populações. De acordo com a falácia, "sequências" devem ser eventualmente mesmo fora de ordem para serem representativas. Essa falácia é construída da noção de que falhas anteriores indicam um aumento probabilístico de sucesso nos casos subsequentes.

Imagine que tem em suas mãos uma moeda honesta, ou seja, que não foi manipulada para cair sempre cara ou sempre coroa. Você joga 20 vezes e em todas obtém cara. Quando jogar a vigésima primeira vez, é provável que dê cara ou coroa? Muitas pessoas diriam coroa, porém a probabilidade é a mesma, 50% para cada lado. Eventos independentes como o do exemplo têm sempre a mesma probabilidade, não importa o que aconteceu no passado, o universo não guarda a memória do número de caras que saíram no passado.

Existe atualmente dois tipos de falácia do apostador: Tipo I e Tipo II. 
Tipo I é a "clássica" falácia do apostador, quando indivíduos acreditam que um novo resultado é esperado após uma sequência. 
A falácia do apostador do Tipo II, ocorre quando um apostador subestima como algumas observações são necessárias para detectar um resultado favorável (tal como vendo uma roda de roleta por um período de tempo e depois apostar nos números que aparecem mais frequentemente.

Por que caímos com tanta frequência na falácia do apostador quando calculamos probabilidades? Há pelo menos duas razões. 

Primeira: pensar que eventos passados determinam a probabilidade de eventos futuros é válido em várias situações. Se permanecermos acordados durante dois dias, a probabilidade de dormirmos no dia seguinte aumenta. Se almoçarmos ao meio-dia, a probabilidade de fazermos uma grande refeição nas três horas seguintes diminui. Como se vê, em muitas situações o passado influencia o futuro.

Porém, esses são eventos entre os quais há uma relação causal, eles não são aleatórios. Ficar acordado de forma contínua provoca sono, o que aumenta a probabilidade de dormir. Almoçar diminui a fome, o que reduz a probabilidade de comer nos momentos seguintes. O mesmo não é válido para jogos de azar. Uma moeda lançada no momento anterior não pode afetar o comportamento da moeda seguinte. Não existe nenhum mecanismo pelo qual isso poderia acontecer. Sendo assim, a probabilidade permanece sempre 50% para cara ou coroa, não importa o resultado dos jogos anteriores.

Segunda: confundimos a probabilidade de um conjunto de lançamentos com a probabilidade de lançamentos individuais. Se você jogar quatro vezes uma moeda, a probabilidade de dar uma sequência de 4 caras é de apenas 1 em 16 jogadas. A probabilidade de sair 26 caras em 26 jogadas é de apenas 1 em 67 milhões. Ou seja, o que aconteceu em Monte Carlo é muito improvável. Por isso pensamos que a probabilidade de ser cara depois de 15 caras consecutivas é menor. Ainda assim, a probabilidade não muda. Ela é de 50%, seja no primeiro ou no centésimo lançamento (filosofianaescola).

Supor que  existam fatos ou fenômenos que ocorrem em "sequencia" em eventos  estatisticamente independentes, como rolagem de dados ou números que caem em uma roleta. Ex.:

O Vermelho saiu seis vezes seguidas na roleta, então Gregorio tem quase certeza de que o próximo deverá sair preto. Se pensarmos dessa modo, perderemos todas as economias.


13. Falácia Populista ou Ad populum
O Argumentum ad Populum (argumento ou apelo ao povo, em latim) é um tipo de falácia não-formal e é a tentativa de, ao despertar as paixões e o entusiasmo da multidão, ganhar o apoio do público ouvinte ou leitor para uma determinada conclusão. Publicitários e políticos estão entre aqueles que mais fazem uso desse tipo de falácia. Esse tipo de falácia envolve duas diferentes abordagens, a direta e a indireta.(infoescola)
Na abordagem direta, a pessoa que tem a palavra dirige-se à multidão a fim de despertar um sentimento humano de pertencimento, de modo que todas as pessoas presentes se unam para a aprovação do que lhe está sendo dito, dando a sensação de que o argumento ou conclusão apresentada está correta. Esta abordagem desperta uma espécie de mentalidade de massa e qualquer indivíduo se vê compelido a concordar com a multidão, sob o risco de ser excluído e perder a identidade e a segurança.

A forma direta é mais comum em discursos políticos. Aquele que talvez tenha dado maior visibilidade a esta forma de argumentação foi Adolf Hitler, em seus discursos para o povo alemão durante a ascensão e o regime do partido nazista na Alemanha. Ela também é aplicada a campanhas e propagandas escritas. Frases como “somos todos trabalhadores” ou “este é o desejo do povo brasileiro” provocam o mesmo efeito. 
A abordagem indireta, por sua vez, não se dirige diretamente à multidão, mas a um indivíduo ou a um grupo seleto e é frequentemente utilizada em campanhas publicitárias. Esta abordagem possui três formas específicas de uso: a) o argumentoeleitoreiro” (Bandwagon argument), b) o apelo à vaidade e c) o apelo ao esnobismo. Ex.:

a) O argumento eleitoreiro:  É claro que você quer almoçar em nosso restaurante. 99% das pessoas almoçam aqui! 
O povo brasileiro quer me eleger. Só você não quer?

b) O apelo à vaidade associa um produto a personalidades que a sociedade segue e admira e provoca a sensação de que, se alguém adquirir aquele produto, será igualmente admirado. Ex.: Uma atriz famosa é apresentada em um comercial utilizando um vestido e dizendo: “use este vestido e seja como eu”.

c) O apelo ao esnobismo associa um determinado produto ou uma ideia a uma condição especial, fazendo com que o espectador se sinta uma pessoa diferenciada. Ex.:
Este carro não para qualquer um. É para pessoas especiais e admiráveis!
Se você comer toda a sua comida vai ficar forte igual ao Super-homem!


14. Apelo à autoridade ou Argumentum ad Verecundiam
O argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit é uma expressão em latim que significa apelo à autoridade ou argumento de autoridade. É uma falácia informal que apela para a palavra ou reputação de alguma autoridade a fim de validar um argumento. Este raciocínio é absurdo quando a conclusão se baseia exclusivamente na credibilidade do autor da proposição e não nas razões que ele apresentou para sustentá-la.
Usar figuras de autoridade no campo do argumento em questão ou instituição para validar um argumento.
Para atribuir peso e validade a algum argumento é muito comum que se recorra a autoridades no assunto tratado. Cientistas, juristas, filósofos, teólogos e historiadores são sempre citados em discussões e trabalhos acadêmicos para legitimar uma posição defendida. Esta é uma atitude adequada e altamente recomendável. No entanto, desejando sair vitorioso de uma discussão ou a fim de defender um ponto de vista a qualquer custo em um texto dissertativo, alguém pode recorrer a uma certa autoridade que, contudo, não dispõe de legitimidade para apontar a verdade sobre determinado assunto. Agir assim é recorrer a uma falácia à qual dá-se o nome de apelo à autoridade (Argumentum ad Verecundiam, em latim (infoescola). Ex.:

O pastor Silas Malafaia afirmou que não existe evolução, porque a Bíblia diz que Deus criou o mundo. Então, é claro que Darwin estava errado.

O exemplo acima pertence ao campo da biologia. O pastor Malafaia, no entanto, atua na área da religião, e a Bíblia foi escrita por um povo no final da Era do Bronze, não sendo portanto um livro científico e nem é esse seu objetivo. O pastor não possui nenhuma autoridade reconhecida para legitimar posições sobre o campo em discussão.

Além da falta de especialidade sobre o tema, há outras formas em que o apelo a autoridade pode ser utilizado como falácia, como apontam os exemplos a seguir:

Heinrich Himmler, comandante nazista, dizia que os judeus usavam o capitalismo para escravizar trabalhadores e estabelecer o seu poder. Devemos, portanto, acreditar que os judeus desejam dominar o mundo.

A visão do comandante nazista Himmler é diretamente influenciada por uma visão ideológica e preconceituosa, que afeta seu julgamento a respeito do povo judeu e não deve, portanto, ser considerada legítima.

Representantes de uma grande rede de fastfood afirmam que um lanche da rede pode, perfeitamente, fazer parte de uma alimentação balanceada. Logo, devemos crer que é saudável comermos regularmente no McDonald’s.

Os representantes da rede de fastfood não desejam perder clientes ao reconhecer os problemas à saúde causados pela ingestão regular de seus alimentos. Têm, portanto, claros motivos para mentir a respeito dos resultados.

A sra. Lourdes, de 95 anos e que possui 75% de deficiência em sua visão, testemunha ter visto, a uma distância de 200 m, o réu atirar à queima roupa na vítima. O júri deve, portanto, condená-lo culpado.

O testemunho da sra. Lourdes não é confiável devido à deficiência em sua visão. Apesar dela ser uma autoridade “moral” em sua comunidade e ter fama de nunca mentir. Todos sabemos que a idade e a deficiência na visão que aumenta com os anos, impedem que alguém veja ou enxergue com clareza objetos ou eventos que se desenrolam a uma certa distância e por isso não se constitui numa testemunha fidedigna.  


15. Falácia da Composição/Divisão
A falácia da composição (fallacy of composition) é um exemplo de falácia da ambiguidade e, portanto, um tipo de falácia não-formal. Ela acontece quando, em uma argumentação, um dos envolvidos em uma discussão toma o todo pela parte, ou seja, assume que se algumas partes de um todo detém uma certa característica, o todo possui necessariamente a mesma característica. Por exemplo: se todas as peças de uma máquina são leves, logo, esta máquina é uma máquina leve. Ex.:
Todos os escalados para a final a ser disputada pelo Flamengo são excelentes jogadores. Logo, o time está em excelentes condições para a partida.

O fato de cada jogador ser excelente é transferido para o time inteiro, de modo a se considerar que se cada um está bem preparado, o time como um todo está bem preparado. Contudo, esta crença pode não ser verdadeira, tendo em vista que o time pode ser liderado por um mal treinador ou que cada jogador não tenha o devido entrosamento com os outros.

Falácia da divisão (fallacy of division)
A falácia da composição caminha de mãos dadas com seu inverso, a falácia da divisão, que consiste em seu exato oposto, quer dizer, afirma que se um todo possui uma certa característica, logo, todas as suas partes possuem a mesma característica. Pode-se utilizar como exemplo dessa falácia o inverso de um dos exemplos citados para a falácia da composição, a crença de que, se uma máquina é pesada, logo, todas as peças que compõem essa máquina também são pesadas. Esta é uma crença falaciosa porque, claramente, uma máquina pesada pode ser composta por um grande número de peças leves que, por sua quantidade, tornam tal máquina pesada.


16. Falácia do "Um escocês de verdade" 
A falácia do escocês de verdade é uma tentativa ad hoc de manter uma afirmação não fundamentada. Pode ser chamada de falácia de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas num argumento. Quando confrontados com um contraexemplo a uma tentativa de generalização universal ("nenhum escocês faria tal coisa"), em vez de negar o contraexemplo ou rejeitar a declaração original, esta falácia modifica o objeto da afirmação de modo a excluir esse caso específico ou outros como ele, utilizando retórica, sem referência a uma regra objetiva específica ("nenhum escocês de verdade faria tal coisa"). Ex.:

Imagine Hamish McDonald, um escocês, sentado com seu Glasgow Morning Herald e lendo um artigo intitulado "Maníaco Sexual de Brighton Ataca Novamente". Hamish fica chocado e declara que "Nenhum escocês faria tal coisa". No dia seguinte ele se senta para ler seu Glasgow Morning Herald novamente; desta vez, se depara com um artigo sobre um homem de Aberdeen cujas ações brutais fazem o maníaco sexual de Brighton parecer quase cavalheiresco. Esse fato mostra que Hamish estava errado em sua opinião, mas ele vai admitir isso? Provavelmente não. Desta vez ele diz: "Nenhum escocês de verdade faria tal coisa."

A: "Escoceses não colocam açúcar no mingau."
B: "Mas meu tio é escocês e coloca açúcar em seu mingau."
A: "Ah sim, mas nenhum escocês de verdade coloca açúcar no mingau."


17. Falácia Genética, falácia da origem ou falácia da virtude
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem. A Falácia genética, é uma falácia lógica que consiste em aprovar ou desaprovar algo baseando-se unicamente em sua origem. Ocorre quando alguém tenta ridicularizar uma ideia, prática ou instituição simplesmente tendo em conta sua origem (gênese, isto é, a fonte de onde ela provém) ou seu estado anterior. Isto ocorre ignorando-se qualquer diferença observada com respeito à situação atual, geralmente transferindo o mérito ou demérito do estado anterior. (WP) Ex.:

"Vai pôr aliança de casamento? Não sabe que a aliança de casamento no princípio simbolizava o grilhão colocado no tornozelo da mulher para que ela não fugisse do marido? Não pensei que você fosse capaz de uma prática tão machista."
As supostas origens sexistas da aliança de casamento não tornam sexistas os que a usam.
"O interesse pelo ocultismo foi o que levou Isaac Newton a elaborar a lei da gravidade, logo qualquer um que aceite a lei da gravidade é um ocultista."
A lei da gravidade não é uma crença ocultista e já foi comprovada cientificamente.


18. Falácia do Preto ou branco
Falsa dicotomia, falso dilema, pensamento preto e branco ou falsa bifurcação é uma falácia informal que descreve uma situação em que dois pontos de vista alternativos, geralmente opostos, são colocados como sendo as únicas opções, quando na realidade existem outras opções que não foram consideradas. Essa falácia é usada para defender pontos de vista em geral. Muitas vezes é usada em uma comparação em que uma das opções é completamente descartada pelo seu proponente, restando apenas a que lhe interessa (WP). Ex.:

Marcos está atrasado para o trabalho. 
Ou seu carro quebrou, ou dormiu demais. Ligamos para ele e não estava em casa, então seu carro deve ter quebrado.

(Esse argumento é um falso dilema, pois há muitas outras razões pelas quais Marcos poderia estar se atrasando para o trabalho. Se fosse de alguma forma provado que não há outras possibilidades, então a lógica apareceria. Mas até lá o argumento é falacioso).
Você não suporta seu marido? Separe-se!
Quem não está a favor de mim está contra mim.


19. Falácia Tornando a questão supostamente óbvia
Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa. Tornando a questão supostamente óbvia. Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa. Este argumento logicamente incoerente geralmente surge em situações onde as pessoas têm crenças bastante enraizadas, e por isso consideradas verdades absolutas em suas mentes.


20. Falácia do Apelo à natureza
Você argumenta que só porque algo é "natural", aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.
O apelo à natureza é um tipo de falácia que ocorre quando argumentamos que algo é bom porque é natural ou ruim porque não é natural. Implícito nesse tipo de raciocínio está a ideia de que tudo que é natural é bom e tudo que não é natural é ruim.

Esse tipo de argumento é usado em debates sobre medicina, sexualidade, papéis de gênero, raça, direitos dos animais entre outros.

Todo produto natural faz bem para a saúde.
Esse produto é natural.
Portanto, ele faz bem para a saúde.

Assim, podemos observar que o erro do argumento que parte do fato de que um produto é natural e conclui que ele faz bem para a saúde, é a generalização “todo produto natural faz bem para a saúde”. Ora, isso não é verdade. Basta lembrarmos que muitas plantas são tóxicas para os seres humanos, que há venenos que são naturais e que produtos como cigarro, por exemplo, mesmo quando produzidos sem agrotóxicos e qualquer tipo de aditivo, são prejudiciais à saúde. Por outro lado, há procedimentos artificiais que trazem grandes benefícios, como escovar os dentes, por exemplo.

O apelo à natureza é uma falácia muito comum em debates morais, sobre se uma determinada ação é correta ou não. Considere o exemplo abaixo, muito comum no debate sobre contracepção:

Evitar ter filhos ao longo da vida não é um comportamento natural.

Portanto, essa prática deveria ser evitada.

O que torna esse raciocínio falacioso é o fato de que comportamentos “antinaturais” também serem considerados corretos. Na natureza, por exemplo, é raro encontrarmos a prática da fidelidade entre casais de animais. O gato engravida a gata e nunca mais aparece.  Deveríamos concluir então que os casais que passam a vida juntos estão agindo de maneira incorreta? Se levamos a ideia de que o que é natural é bom ao pé da letra, deveríamos concluir isso (filosofianaescola).


21. Falácia Anedótica
Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.

A evidência anedótica (ou anecdotal evidence) é o nome dado a uma anedota que, em uma discussão ou reflexão, deixa o seu caráter pessoal e específico e adquire caráter científico. Ocorre quando há falsa relação de causa e efeito, que muitas vezes vai contra as informações científicas do assunto em questão. São histórias difíceis de verificar a veracidade, e normalmente se baseiam em experiências pessoais de quem está falando ou “ouviu falar”.

Outra característica importante é que na evidência anedótica duvidamos dos fatos, muitas vezes bem fundamentados, com dados estatísticos inclusive e relatamos nossa experiência pessoal para refutar as evidências. Um bom exemplo disso é o caso de bebida x direção. Estatisticamente, quem dirige embriagado tem maiores condições de provocar um acidente. Mas quem dirige embriagado tenta sempre negar o fato, dizendo que “eu sempre dirijo embriagado e nunca me aconteceu nada”. Mesmo que sejam demonstrados os dados estatísticos, e várias provas em contrário, esses dados não são considerados pelo sujeito que dirige bêbado, que ainda pode lembrar de vários amigos que fazem o mesmo e nada acontece.

Ou seja, a sua experiência pessoal é uma verdade absoluta, sem chance para nenhuma argumentação ou contestação. As evidências anedóticas possuem algumas razões que as caracterizam:

1) Generalização falaciosa – apresenta poucos casos para depois generalizar para todos os outros, assumindo que o que temos é uma amostra válida;
2) “Cherry picking” – são escolhidos fatos que satisfazem o ponto de vista em questão, deixando de lado os fatos que o refutam;
3) Tendência para a confirmação e de relembrar apenas os positivos (confirmation bias) – procura-se somente o que se quer encontrar, negligenciando o que não é o foco da procura.
4) Falhas de atenção / percepção – só se procura o que se quer encontrar;
5) Falácia (ou em latim, post hoc ergo propter hoc, traduzido: "depois disso, logo, causado por isso") – ocorre quando se acha que há uma relação causa efeito entre dois fenômenos  consecutivos.

Um bom exemplo de evidência anedótica (falácia) é o que ocorre na relação cloroquina x coronavírus, difundida não só no Brasil, mas também em alguns lugares do mundo. Na pandemia da Covid-19, muito se fala entre a relação entre o medicamento cloroquina e a cura da Covid-19. Essa falácia é construída a partir de dois eventos que acontecem em uma sequencia cronológica e podem estar ligados, constituindo uma relação de causa e efeito. No caso em questão, toma-se o medicamento (cloroquina) e a doença é curada (Covid-19). É considerada uma evidência anedótica, porque não há comprovação científica, através de estudos e pesquisas que comprove a eficácia do medicamento no combate a doença. Pelo contrário, existem relatos que afirmam que a cloroquina não cura a doença, e ainda pode trazer efeitos colaterais à saúde, se tomada sem acompanhamento médico (infoescola).


22. Falácia do atirador do Texas
Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva para provar o seu argumento sem ser representativo do todo.

O nome dessa falácia vem da seguinte história: um atirador disparou vários tiros aleatoriamente contra um celeiro. Depois, ele pintou um alvo em cada um deles para acabar se autoproclamando um franco-atirador.

Ou seja, após realizar sua ação, o franco-atirador tomou as medidas necessárias para que aquela ação tivesse lógica ou sentido, a fim de “vencer” ou se sentir “vitorioso”. Em outras palavras: ele alterou os dados (pintou os alvos) para confirmar a sua hipótese (ganhar).

A falácia do franco-atirador é muito comum. Certas informações (sem um significado inicial) são interpretadas, inventadas ou manipuladas até que pareçam ter um significado ou até que cumpram nossa hipótese inicial. Ela também é conhecida como a falácia do atirador do Texas (em inglês, Texas Sharpshooter Fallacy). Através desse fenômeno, é realizado um raciocínio que elimina qualquer indício sugestivo de que uma das nossas ideias esteja errada, enfatizando as informações que parecem apoiar a nossa hipótese. Dessa forma, por meio dessa falácia podemos chegar a distorcer a realidade e interpretá-la como nos convém, desfigurando o que se observa para aproximar o que queremos defender.

Como vimos, através da falácia do franco-atirador, as pessoas podem desvalorizar informações que são inconsistentes com suas ideias, bem como manipular ou ajustar as informações para convencer alguém (ou a si mesmas) de algo. Além disso, por meio desse fenômeno, ampliamos a importância daquilo que pretendemos defender.

Outra forma de interpretar a falácia do franco-atirador, em termos de seleção de informações, é a seguinte: ignoramos as diferenças que podem existir em nossos dados e enfatizamos as semelhanças. Feito o raciocínio em questão, inferimos uma conclusão, que pode ser considerada falsa.

O fenômeno da falácia do franco-atirador está relacionado ao que na psicologia cognitiva chamamos de ilusão de agrupamento. A ilusão de agrupamento é aquela tendência que temos de considerar (ou ver) padrões ou agrupamentos que, na verdade, não existem.

Por outro lado, essa falácia também tem a ver com outro conceito, a apofenia. Trata-se de um termo usado para se referir à experiência de ver padrões e conexões em eventos aleatórios ou sem sentido, algo muito semelhante ao anterior.

No entanto, é preciso notar que esses dois conceitos introduzidos podem ser interpretados a partir da psicologia cognitiva e da estatística, adquirindo nuances diferentes em cada disciplina. Desde a psicologia cognitiva, nós os relacionamos com a falácia do franco-atirador, porque através desta, podemos chegar a estabelecer padrões que realmente não existem, a fim de justificar ou demonstrar as nossas ideias ou para convencer os outros de (ou sobre) algo.


23. Falácia do Meio-termo
A expressão latina argumentum ad temperantiam ("argumento da moderação"), também conhecida como falácia do falso meio-termo é uma falácia lógica. O argumentum ad temperantiam consiste em afirmar que o meio-termo entre duas propostas é a melhor solução. Este argumento é normalmente evocado quando duas ideias opostas são defendidas por grupos de tamanho semelhante. A falha do argumento vem de pressupor que os extremos são necessariamente errados e que o meio-termo é verdadeiro.
O Argumentum ad Temperantiam (argumento ou apelo à moderação, em latim) é uma falácia que consiste em afirmar que o meio termo, ou seja, a moderação entre duas posições consideradas extremas, é a melhor solução para uma discussão.
No que diz respeito a uma discussão em que o que está em jogo é uma decisão a ser tomada, defender uma posição moderada pode ser um excelente recurso para que se chegue a uma solução que contemple as partes envolvidas, todos os tipos de relações humanas chegam a um ponto em que isto é necessário. 
No entanto, nos casos em que o que está em jogo é uma verdade, por exemplo, científica, a solução deve ter caráter matemático, quer dizer, deve-se tomar, radicalmente, um lado (infoescola).


24. Falácia “ad baculum” ou “argumentum ad baculum”
A falácia da baculum, ou o apelo à força (do latim: argumentum ad baculum, que quer dizer literalmente: "argumento do porrete"), é uma falácia em que força e coerção são apresentadas como argumento para se concordar com o autor de uma determinada conclusão. É uma forma de apelo à consequência e ao medo. Pode também ter semelhanças com o apelo à autoridade quando recorre a sua força enquanto autoridade de determinada situação para convencer alguém. O apelo à força pode assumir uma forma não falaciosa, como acontece com as leis.

Exemplos
Se você não entregar esse relatório até amanhã, será demitido (quando a exigência é abusiva, na maioria dos países, o trabalhador é protegido disso pela lei com a demissão sem justa causa).
Se você não acreditar no nosso deus, você irá para o inferno. Por isso, você deve acreditar nele.
As nossas convicções políticas estão corretas, porque quem descrê delas é um criminoso e será colocado na prisão.
Siga meu conselho, amigo, senão você vai se arrepender.
Depois que acontecer o pior, não diga que não avisei.
Se você sair agora, não poderá mais voltar.
Você deve votar no meu candidato. Se você fizer isso, dar-lhe-ei uma porção de terra (apelo à força usado pelo coronelismo)

22) Falácia do Arenque vermelho ou Pista falsa
Um pista falsa ou arenque vermelho (red herring, em inglês) é algo que engana ou desvia a atenção de um assunto mais importante. Pode ser uma falácia lógica ou uma figura de linguagem que leva os leitores ou o público a uma conclusão falsa. Uma pista falsa pode ser usada intencionalmente, como na ficção de mistério ou como parte de estratégias retóricas (por exemplo, na política), ou pode ser usada inadvertidamente em um argumento. O termo "arenque vermelho" foi popularizado em 1807 pelo polemista inglês William Cobbett, em uma história em que se usa um peixe defumado de cheiro forte para enganar e distrair cães de caça, demovendo-os de perseguir uma lebre. 
Como uma falácia informal, uma pista falsa se enquadra em uma ampla classe de falácias de relevância. Ao contrário da falácia do espantalho, que envolve uma distorção da posição da parte contrária, a pista falsa é uma tática diversiva aparentemente plausível, embora em última instância irrelevante para a questão.

Exemplo da falácia "arenque vermelho"
"Você diz que a pena de morte não é eficaz para combater o crime. Mas e quanto às vítimas? Como ficam os familiares da vítima, sabendo que o assassino está sendo mantido em uma prisão às custas do dinheiro dos contribuintes, ou seja, dos próprios familiares da vítima? É justo que esses familiares paguem pelo sustento desse marginal?"

Neste caso, o argumentador desviou o assunto até chegar a algo totalmente diferente da alegação inicial, mas muito mais fácil de ser atacado. Mas não se pode atacar essa versão como se estivéssemos atacando o argumento original. Diferentemente da falácia do espantalho, em que se reconstrói o argumento original em bases mais fracas, aqui se tenta desviar a questão progressivamente para outra direção. Essa versão falsa do argumento original pode, inclusive, ser aceitável para o oponente, mas deixa a questão original sem resposta.




Conclusão

Não bastasse um vírus que já fez milhões de vítimas, ainda é preciso enfrentar uma  forte onda de negacionismo ou negação da ciência, negação fatos já conhecidos e estudados ao longo do tempo. Adeptos da desinformação, ignorantes de plantão, criadores de teorias da conspiração, tentam impor o uso de tratamento precoce com kit covid, tentam boicotar a vacinação e contrariam o isolamento social e o uso de máscara, fortemente recomendados pela comunidade médica e científica do mundo todo. Um exemplo recente é a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSLSP) sobre "enfiar a a máscara no rabo" (palavras dele) em um vídeo divulgado nas redes sociais (guia).



Recentemente inúmeras posições negacionistas ganharam espaço, sobretudo na internet, e um exemplo de ação negacionista e da criação de um debate que não existe entre os especialistas é a questão da posição do nazismo no espectro político.

Entre os maiores especialistas da historiografia no estudo do nazismo, não há questionamento sobre o fato de que o nazismo foi um movimento de extrema-direita. 

No entanto, muitos passaram a defender negações dessa definição realizada pelos historiadores, alegando, sem embasamento histórico, que o nazismo era um movimento de esquerda. Ora... Por que estão fazendo isso? Se o universo já sabe que não é de esquerda? Por interesse em conseguir poder pelo medo. 

Essa sem dúvida é uma tática dos negacionistas, diga-se dos fascistas, de tentar tornar um assunto já superado, em algo vivo, tentam convencer os incautos de que ainda não existe consenso entre os pesquisadores. E que o debate é legítimo. 

O negacionismo parte sempre de teorias conspiratórias, supostamente trazendo informações reais de um determinado assunto. Essas "teorias" afirmam trazer a "verdade oculta" e alegam que essa verdade foi escondida por uma grande conspiração, que tem como objetivo esconder tal realidade das pessoas.



O negacionismo na história (al)

Negar a ciência, no entanto, não é um fenômeno recente. No início da Idade Moderna, autoridades religiosas negavam os avanços científicos e as reflexes dos filósofos humanistas. 
Para calar aqueles que trouxessem a ciência para o debate, aqueles que argumentavam com base em fatos e na ciência. Assim, aqueles que tinham poder, usavam esse poder para ameaçar de morte e executar pessoas na fogueira. "O filósofo Giordano Bruno foi condenado à morte por defender a existência de vida em outros mundos", e por sugerir que existiriam infinitos mundos (planetas) semelhantes à Terra no universo, todos orbitando ao redor de seus sóis.

O caso de Galileu Galilei, também foi semelhante. Galileu foi processado pela Inquisição e precisou se retratar, negando sua teoria do Heliocentrismo, que coloca o Sol no centro do universo, para não ter o mesmo destino do Giordano Bruno. A pena de Galileu foi a prisão domiciliar.

A Igreja Católica defendia o geocentrismo (a Terra no centro do universo), teoria que estava de acordo com certas passagens bíblicas.

Ora, o geocentrismo havia sido superado já no século V a.C. E grandes astrónomos da época como Eratóstenes, Ptolemeu entre tantos, já tinham conhecimento e provaram geometricamente e matematicamente, usando evidências, que a Terra era esférica. 




Negando a história

Negacionismo é recusar e negar uma realidade cientificamente comprovada. 
O método científico, é bom lembrar, é baseado em fatos e evidências. E o que fazem os negacionistas do Holocausto, por exemplo? Eles negam que o genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial tenha de fato acontecido ou que tenha tido a proporção historicamente registrada. Isso, mesmo diante de todas as pesquisas, estudos e depoimentos de sobreviventes e do número de judeus que sobreviveram contra o número que existia antes.


Em entrevista à BBC, a historiadora Deborah Lipstadt, da Emory University, dos Estados Unidos, falou sobre os principais pontos dessa negação. "Eles afirmam que os nazistas não assassinaram seis milhões de judeus, que a noção de que havia câmaras de gás para de assassinato em massa é um mito, e que qualquer morte de judeus corrida sob o domínio nazista foi resultado da guerra e não de uma perseguição sistemática e assassinato em massa organizado pelo Estado", diz a pesquisadora.

Lipstadat foi processada por David Irving, um escritor simpatizante do nazismo, após ela tê-lo acusado de ser um negacionista do Holocausto. O processo concluiu que Irving promoveu a negação do genocídio dos judeus, sim, além de ter sido antissemita e racista. 

A historiadora contou o caso na obra History on Trial: My Day in Court with a Holocaust Denier, que em 2016 acabou virando um drama histórico no filme Negação, dirigido por Mick Jackson e escrito por David Hare.


No passado e no presente

A tese que a Terra é redonda foi comprovada há muito tempo. O grego Eratóstenes, nascido em 276 a. C., já apresentava a planeta como uma esfera e mediu sua circunferência. No início do século XVI, espanhóis liderados por Fernão de Magalhães fizeram a primeira viagem de circum-navegação ao globo. E isso sem falar nos satélites que estão em órbita ao redor da nosso planeta, que enviam dados a cada segundo sobre a forma da Terra.

Eratóstenes e seu método que usou para determinar a circunferência da Terra

Apesar de mais de 2 mil anos de ciência e conceitos provados, os terraplanistas, como são conhecidos os que acreditam que a Terra é plana, "distorcem a ciência de verdade para justificar o injustificável". 

Outro movimento negacionista que ganha força é o antivacina. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma lista das 10 grandes ameaças à saúde e, entre elas, estava o medo e a desinformação sobre as vacinas. 

Para piorar, em meio à grande crise sanitária atual, grupos contrários à imunização encontram um ambiente ainda mais fértil para disseminar suas ideias negacionistas e criminosas uma vez que instala numa discussão superada ha no minimo 200 anos, a incerteza e o medo, afastando as pessoas da vacina.

Edward Jenner e a vacina

Edward Jenner em 1798 provou que poderia combater a varíola, doença que tem uma taxa de mortalidade de 30 %. Ele usou vírus naturalmente causador de uma doença mais leve (o vírus da cow pox, a varíola bovina) como um antígeno, para gerar no corpo humano a produção de anticorpos contra a varíola humana (small pox). 
Depois que as pessoas inoculadas com a varíola bovina desenvolveram uma forma branda ou leve de varíola, e curaram-se dessa doença, Jenner injetou o vírus da varíola humana vivo nos imunizados com a varíola bovina. As pessoas vacinadas não desenvolveram a doença. Eis o poder da vacina demonstrado por Jenner já em 1798.  Por isso é importante vacinar-se contra todos os vírus para os quais haja  vacina disponível. Através da vacina protegemos a nós mesmos, protegemos quem amamos e a todos ao nosso redor.

No contexto atual com internet, e redes sociais, é de se destacar a capacidade de articulação desses movimentos nas redes sociais. "Eles exploram bastante a falta de informação da sociedade, a falta de educação sistemática, a ignorância, e a propensão em acreditar nas explicações simplórias, e em platitudes. “Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir. (Winston Churchill). Muita gente trata a internet como uma espécie de oráculo: se está nas redes, então é verdade" não há porque duvidar. Devemos agir de maneira diametralmente oposta, i.e., deve,os duvidar de tudo e de toda teoria e ideia que lermos nos incontáveis sites espalhados pela rede mundial de computadores.

Para o combate do coronavírus, precisamos defender medidas de isolamento e o uso de máscara, além de, é claro, reivindicar por mais vacinas. Contra o negacionismo, acredita-se que o antídoto seja "apoiar a ciência e apelar para educação".






Resumindo

O negacionismo é um conceito que explica a ação de um grupo de pessoas em negar um fato amplamente estudado e comprovado.
Entre as características básicas do negacionismo, estão o uso de falsos especialistas, uso de falácias lógicas, expectativas impossíveis, manipulação de informações, escolha de artigos sem revisão que corroborem sua visão (cherry picking), e o embasamento em teorias conspiratórias.
O negacionista assume uma postura irracional, pois prefere acreditar em informações falsas e sem comprovação do que na ciência e em verdades inconvenientes.
Em toda as áreas da ciência desde a história, onde destaca-se o negacionismo do Holocausto, na biogeografia e planetologia com o negacionismo do aquecimento global, e a negação da esfericidade da Terra, imunologia, epidemiologia e medicina, o movimento antivax, até a biologia com o negacionismo da evolução. 




Fonte



Cook, J. (2020). Deconstructing Climate Science Denial. In Holmes, D. & Richardson, L. M. (Eds.) Edward Elgar Research Handbook in Communicating Climate Change. Cheltenham: Edward Elgar.


Pinto, Fabrina Magalhães, and Flávia Benevenuto, editors. Filosofia, Política e Cosmologia: Ensaios Sobre o Renascimento. DGO-Digital original, SciELO – Editora UFABC, 2017, https://doi.org/10.7476/9788568576939. Accessed 15 Apr. 2022.


https://www.jstor.org/stable/10.7476/9788568576939 (ótimo site com capitulos de livros para baixar)







https://ptnosenado.org.br/bancada-do-pt-reage-ao-negacionismo-oficial-diante-da-variante-omicron/

https://ghiraldelli.online/?gclid=CjwKCAiAvaGRBhBlEiwAiY-yMEcYyuoR384DR91GeSfyRWZjAPfR4ee-Rq_7tIQzE4IUUSDMlTmkwhoC90cQAvD_BwE

https://www.youtube.com/watch?v=mwgA5ALKlz0

























ESCÓLIO
(Notas esclarecedoras sobre um texto: comentário, anotação, ponderação, glosa, explicação, paráfrase, nota...)


Prisca Theologia

Prisca theologia é a doutrina que afirma que uma única e verdadeira teologia existe, que sobreviveu através de todas as religiões, e que foi dada por Deus ao homem na antiguidade.

Prisca é derivação de priscus que em latim significa "antigo" e "puro".

O termo "Prisca theologia" parece ter sido usado pela primeira vez por Marsilio Ficino, no século XV. Ficino e Giovanni Pico della Mirandola se esforçaram para reformar os ensinamentos da Igreja Católica Romana por meio dos escritos do Prisca Theologia, que eles acreditavam refletir ideologias do neoplatonismo, Hermetismo, e dos Oráculos Caldeus, entre outras fontes.

Prisca Theologia pode ser distinguda do conceito relacionado chamado filosofia perene, embora alguns inadvertidamente utilizem os dois termos de forma intercambiável. 

Uma diferença essencial é que a Prisca Theologia é entendida como existente na forma pura apenas em tempos antigos, que passou por um processo de declínio contínuo e diluição ao longo dos tempos modernos. Em outras palavras, considera que os mais antigos princípios e práticas religiosas são as mais puras. A teoria da filosofia perene não faz esta estipulação, e apenas afirma que a "verdadeira religião" manifesta-se periodicamente em diferentes épocas, lugares e formas. Ambos os conceitos, no entanto, não supõem que exista tal coisa como uma "verdadeira religião", e tendem a chegar a um acordo sobre as características básicas associadas a esta verdadeira religião (sites).


O loop contínuo comum aos processos de design e de inovação. 
(Fonte: Sampaio e Martins s/d. FUNDAMENTOS, ASPECTOS METODOLÓGICOS E NOVOS CENÁRIOS PARA SUSTENTABILIDADE)


Posicionamento do Design e da ciência em relação às dimensões de construção e aplicação do conhecimento. (Fonte: OWEN, 2005, p. 7; in: Sampaio e Martins s/d. FUNDAMENTOS, ASPECTOS METODOLÓGICOS E NOVOS CENÁRIOS PARA SUSTENTABILIDADE)