A imagem formada (observe a figura abaixo) de F em relação ao espelho E é o ponto I1. Essa imagem passa a ser o objeto para o espelho E’, produzindo então a imagem I2, a qual vai ser o objeto para o espelho E, e assim por diante. Da mesma forma, a imagem de F em relação ao espelho E’ é o ponto I3, o qual funcionará como objeto para E, produzindo a imagem I4, e assim por diante. Desse modo, são formadas infinitas imagens, como podemos ver na figura a seguir:
Formação da imagem em espelhos planos em associação paralela.
Efeito Droste ou “
mise en abyme”
(Fonte da imagem: gifer)
Acredita-se que, segundo Dallenbach, a primeira aplicação do termo tenha sido por A. Gide a partir da heráldica. Há algumas acepções do termo como: a importância do espelho da pintura e da ideia de “obra dentro da obra” na literatura.
Segundo Alagôa (2016) Gide destaca três exemplos principais associados à ideia de en abyme, cada um remetendo para um âmbito distinto:
1) o primeiro diz respeito ao reflexo do espelho do qual a pintura tira partido para criar jogos curiosos entre o interior e exterior da obra;
2) em seguida, com a literatura, Gide refere obras que contêm outras obras dentro de si mesmas, ou fragmentos que se repetem uma ou mais vezes ao longo da história;
3) e por último, aquele que parece ser mais eficiente para o autor, o exemplo da heráldica, a arte de composição dos escudos que representavam os diferentes reinos e famílias.
(Em construção)
Efeito Droste
O efeito Droste apareceu pela primeira vez no design de uma marca holandesa de cacau, com uma imagem criada por Jan Misset em 1904. A partir daí começou a aparecer em outros campos desde essa época. Desde então, tem sido usado na embalagem de uma variedade de produtos.
O efeito Droste ou “mise en abyme” foi antecipado em obras de arte medievais, como o tríptico Stefaneschi, de Giotto, de 1320.
O efeito Droste, também é conhecido por mise en abyme, que é a repetição em um tamanho menor dentro da imagem total. Na fotografia provoca uma sensação de estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão, ou que pertence ao domínio do sonho, da imaginação, do absurdo.
Assim, o efeito surreal do “mise en abyme”, uma réplica narrativa dentro da imagem real, levanta questões e provoca sensações que não tem necessariamente a ver com a razão, mas com a dimensão do absurdo e do sonho do desejo.
o efeito Droste cria uma repetição que teoricamente poderia continuar para sempre, até o infinito, já que a versão menor da imagem conteria uma réplica ainda menor, e assim por diante.
Giotto di Bondone Tríptico Stefaneschi, 1320.
Detalhe do Retábulo Stefaneschi. Esse retábulo é um tríptico do pintor italiano Giotto, de c. 1320. Foi encomendado pelo Cardeal Jacopo Caetani de Stefaneschi, para servir de retábulo para um dos altares da Antiga Basílica de São Pedro, em Roma. Está agora na Pinacoteca Vaticana, em Roma. Neste retábulo há uma representação do efeito Droste na pintura. Giotto coloca o cardeal Stefaneschi, oferecendo o retábulo para o apóstolo Pedro, o primeiro Papa.
Giotto di Bondone, foi discípulo de Cinni di Pepo, conhecido como Cimabue. Devido ao alto grau de inovação de seu trabalho, Giotto é considerado por Giovanni Boccaccio o precursor da pintura renascentista. Ele é considerado o elo entre o renascimento e a pintura medieval e a bizantina.
A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência comum. Esses santos com ares humanizados eram os mais importantes nas cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que foi cada vez mais se firmando até o Renascimento.
Giotto, forma diminutiva de Ambrogio ou Angiolo, não se sabe ao certo, adotou a linguagem visual dos escultores, procurando obter volume e altura realista nas figuras em suas obras. Comparando suas obras com as do seu mestre, elas são muito mais naturalistas, sendo Giotto o pioneiro na introdução do espaço tridimensional na pintura europeia. Em seus trabalhos pela península Itálica, Giotto fez amizades com o rei de Nápoles e com Boccaccio, que o menciona em seu livro, Decamerão.
O retábulo tem um simbolismo político porque é solicitado quando o papado estava em Avignon, na França, e começa a adornar a basílica de San Pedro para voltar a trazer o papado para Roma.
A grande particularidade da obra são duas: o cardeal Stefaneschi é representado rezando de joelhos em ambos os lados do retábulo na parte central e que o tríptico é pintado em ambos os lados, para não ser visto apenas pelos fiéis, mas também pelos sacerdotes. As cenas escolhidas falam principalmente dos apóstolos Pedro e Paulo. Respeitam o princípio não-gráfico dos polípticos, onde estão expostos os principais temas de santificação e a figura cardinal no centro das faces do tríptico e nos painéis laterais as figuras terrestres:
1) No painel frontal: Cristo aparece no centro de um trono, rodeado de anjos e os painéis laterais expõem episódios bíblicos do Novo Testamento, principalmente imagens de mártires e santos.
2) No verso: São Pedro no trono rodeado de anjos e dois oradores, enquanto os painéis laterais expõem os santos com seus atributos.
A representação de Stefaneschi segurando esta mesma pintura sugere que ela originalmente tinha uma moldura significativamente mais maior e mais elaborada, o que teria feito o retábulo relativamente pequeno se encaixar melhor no grande espaço que era a antiga Basílica de São Pedro.
A característica de conter uma versão menor de da obra, sendo segurada pelo cardeal Stefaneschi fornece um dos primeiros exemplos renascentistas conhecidos do chamado “efeito Droste”, comum na arte medieval, onde quem encomendou a obra aparece nela segurando-a ou na frente dela (modif.
WP,
tourblink)
O efeito Droste descreve um tipo específico de imagem recursiva em que uma versão menor da imagem maior é apresentada dentro da imagem maior.
Efeito Droste usando gif.
“Mise en abyme”, ou efeito Droste, em referência à embalagem de cacau Droste em pó, é um termo francês que costuma ser traduzido como “narrativa em abismo”, usado pela primeira vez por André Gide ao falar sobre as narrativas que contêm outras narrativas dentro de si. Mise en abyme pode aparecer na pintura, no cinema, na literatura, no design e em outras formas de arte.
História das imagens do efeito Droste
Efeito Droste é um termo holandês cunhado pelo poeta e colunista Nico Scheepmaker em referência ao design da embalagem do cacau em pó Droste. A caixa de cacau, desenhada por Jan Misset em 1904, mostra uma freira carregando uma bandeja onde está uma xícara de chocolate quente e uma caixa de cacau Droste. A caixa de cacau menor na bandeja mostra a mesma imagem da freira segurando a bandeja e a caixa. Outros exemplos desse efeito na cultura pop incluem uma versão anterior da embalagem de manteiga Land O’Lakes e a arte do álbum de 1969 do Pink Floyd para Ummagumma.

Esse é o primeiro exemplo de “mise en abyme” usado numa imagem. A narrativa em abismo, a imagem dentro da imagem, move nosso olho para o objeto na mão da figura que não por acaso é o mesmo objeto q seguramos. Essa estratégia joga com nossa percepção, quem está segurando a lata? Obriga nosso olhar a se dirigir para dentro da imagem. Ilustração da lata de cacau Droste, criada por Jan (Johannes) Musset, c. 1904.
USO DO EFEITO DROSTE NA ARTE COMERCIAL
Efeito Droste em gif, em uma embalagem de manteiga (
giphy).
Para uma discussão sobre o uso de imagens de indígenas em anúncios e propaganda, veja o artigo de
Cabe (2020).
Tem havido um esforço bastante significativo para acabar com as caricaturas de nativos americanos em logotipos e mascotes nas últimas duas décadas, com algumas medidas sendo tomadas melhor do que outras. Por exemplo, o time da MLB em Cleveland não mudará o nome do time, mas removerá gradativamente a imagem racista do grande chefe vermelho Wahoo de seus uniformes. No entanto, a equipe da NFL em Washington continua a usar uma calúnia desagradável em seu nome, que muitos meios de comunicação nem sequer dizem quando discutem as falhas anuais da equipe em campo, junto com a representação de um homem nativo americano como logotipo. E, no entanto, há décadas que deixamos a senhora da manteiga de Land O'Lakes, chamada Mia, ficar quieta em suas embalagens. Então, aqui estamos em abril de 2020, e a Land O'Lakes divulgou um comunicado informando que Mia sairá das prateleiras de nossos supermercados.
Em vez disso, a embalagem focará no fato realmente muito bom de que a empresa é uma cooperativa agrícola e, eventualmente, apresentará alguns desses agricultores
(Cabe, 2020).
Efeito Droste na fotografia
Segundo Sontag (2004), podemos compreender a fotografia enquanto sistema semiótico, que, como qualquer outro, pode assumir funções diferenciadas na sociedade. A respeito dos questionamentos sobre a fotografia enquanto arte, Sontag diz:
(…)
a própria questão de ser ou não a fotografia uma arte é essencialmente enganosa. Embora gere obras que podem ser chamadas de arte, requerem subjetividade, podem mentir, proporcionam prazer estético, a fotografia não é, antes de tudo, uma forma de arte. Como a língua, é um meio em que as obras de arte (entre outras coisas) são feitas. Com a língua, podem-se fazer discursos científicos, memorandos burocráticos, cartas de amor, listas de compras de mercado e a Paris de Balzac. Com a fotografia, podem-se fazer fotos de passaporte, fotos meteorológicas, fotos pornográficas, raios X, fotos de casamento e a Paris de Atget (p.164), (
Agra 2016).
Dito isto, podemos perceber que além do desenho e da pintura a fotografia, sobretudo a fotografia sequencial, pode, também, abrigar a narrativa em abismo, especialmente gifs, onde são usados desenho, pintura e fotografia.
Arte sequencial
Segundo
Agra, (2016), a arte sequencial é uma forma de expressão artística que faz uso de imagens visuais estáticas em sequência para narrar uma história ou expressar uma ideia, sendo patente, ou não, a utilização de mensagens verbais aliadas a essas imagens.
Ora, o efeito Droste, que compõem-se de uma única imagem com a mesma imagem inserida nesta imagem principal, e o gif que mostra com movimento o movimento do olho, podem ser também consideradas a meu ver, a primeira vista, como imagem sequencial.
A arte sequencial por excelência, como podemos chamar, são as HQs que fizerem sua aparição no final do séc. XVIII, e permanecem aí até hoje. O termo foi definido por Will Eisner em 1999, como “uma forma artística e literária que lida com a disposição de figuras ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia”. Considerando não só as histórias em quadrinhos, mas também outras formas de expressão que fazem uso de imagens sequenciadas, compreendemos que o termo pode adquirir uma abrangência maior do que a sugerida nesta definição, uma vez que percebemos que esse formato pode ser apresentado em suportes diversos, como desenho, pintura, escultura e fotografia. (
Agra, 2016)
Então, a partir da definição dada por Eisner, incluiremos na categoria outros tipos de sequências e consideraremos a possibilidade de não ser usada a parte literária a que o autor faz referência, já que, como dissemos, o elemento indispensável nesse tipo de composição é o imagético, sendo o elemento verbal alternativo. (
Agra, 2016)
As imagens que Eisner menciona são estáticas, o que exclui da nossa abordagem a animação, meio que tem um processo cinematográfico por oferecer ao espectador o que Deleuze (2004) chama de “imagens-movimento”, ou seja, planos, blocos com duração, ao invés de um “corte imóvel”. No cinema, cada quadro é projetado no mesmo espaço, na tela, mantendo uma relação direta com o tempo, enquanto que as imagens justapostas de que tratamos aqui são ordenadas espacialmente, de acordo com uma lógica na qual cada quadro ocupa um espaço diferente. Sendo assim, buscamos na arte sequencial referências ligadas, especialmente, aos seus métodos de composição visual e a seus elementos constituintes, uma vez que acreditamos que é um meio rico em possibilidades de criação e que essa linguagem apresenta modos de produção mais próximos ao nosso foco principal (já que a sequência fotográfica é arte sequencial). Feitas as devidas especificações, podemos chegar a nossa própria definição de arte sequencial: uma forma de expressão artística que faz uso de imagens visuais estáticas em sequência para narrar uma história ou expressar uma ideia, sendo patente, ou não, a utilização de mensagens verbais aliadas a essas imagens.(
Agra, 2016).
No caso do retábulo Stefaneschi, a sequência está dentro da própria imagem, a imagem se repete dentro dela mesma. São duas imagens na qual, no caso de Giotto, uma antecipa a outra, i.e., a menor antecipa a imagem real.
Na época de “Ummagumma” os membros da banda Pink Floyd eram apenas estudantes. Storm era um amigo de infância deles. Para “Ummagumma” ele levou os membros da banda para a casa de sua namorada em Cambridge. Se você abrisse a porta dos fundos, teria uma bela vista do jardim. Storm tirou algumas fotos lá. Os membros da banda queriam passar uma mensagem de igualdade. Essa capa, segundo Cabe (2022), seria também a última capa do Pink Floyd com membros da banda). Storm teve a ideia do chamado “efeito Droste”, também conhecido como “mise en abyme”. É o efeito de uma imagem que aparece dentro de si mesma, num lugar onde seria realisticamente esperado que uma imagem semelhante aparecesse. Apenas os membros da banda mudaram de lugar. Além da igualdade, também simbolizava a música complexa do Pink Floyd, pois foi construída camada por camada (popodium, 2022).
Ummagumma é o quarto álbum da banda de rock inglesa Pink Floyd. É um álbum duplo e foi lançado em 7 de novembro de 1969 pela Harvest Records. O título do álbum supostamente vem da gíria usada em Cambridge para sexo casual, comumente usada pelo amigo do Pink Floyd e roadie ocasional, Iain "Emo" Moore, que dizia: "Vou voltar para casa para um pouco de ummagumma" . De acordo com Moore, ele mesmo teria criado o termo. O baterista Nick Mason disse mais tarde que o álbum foi intitulado “Ummagumma” porque a palavra tem um som interessante e legal.
DESCRIÇÃO DO EFEITO DROSTE OU MISE EN ABYME
Uma imagem na qual o efeito Droste está presente possui uma pequena imagem de si mesma, localizada onde deveria estar se fosse uma imagem real. Essa imagem pequena também contém uma versão ainda menor e assim por diante. Tecnicamente, não há limite para o número de iterações, mas, na prática, continua enquanto a resolução da obra permitir distinguir essa imagem menor.
O artista e fotógrafo contemporâneo, Josh Sommers, é especialista no efeito Droste. “Um exemplo do efeito Droste no mundo real acontece se você segurasse dois espelhos um contra o outro”, explica ele. “Você olharia no espelho e veria um túnel infinito de reflexos dos dois espelhos indo e voltando. Isso é uma espécie de efeito Droste.”
Na heráldica também encontramos uma característica com esse nome:
(...) the abyme or fess-point is the exact centre of an escutcheon. To place something en abyme simply means to depict it in the middle of the shield. The term was usually reserved however for the practice of placing at that central spot a smaller shield with its own bearings, which in some way modified the meaning of the bearings on the main shield. (WHATLING, 2009, p.01)
(…) O abyme ou fess-point é o centro exato de um escudo. Colocar algo en abyme significa simplesmente representá-lo no meio do escudo. O termo era geralmente reservado, no entanto, para a prática de colocar naquele centro, um escudo menor com componentes heráldicos próprios, que de alguma forma modifica o significado dos elementos no escudo principal. (Whatling, 2009, citado em Diener, 2010).
Além da repetição do tema apresentado, a repetição em abismo, coloca o expectador como uma parte ideal do quadro, da cena, estaria eu ali também? Aguçamos nossa visão como cúmplice, pela repetição no espaço e no tempo.
Exemplos do Efeito Droste em imagens gif
Uma imagem GIF (Graphics Interchange Format) é um formato de imagem que foi lançado pela empresa CompuServe no ano de 1987. Traduzindo para o português, a sigla gif significa: Formato de Intercâmbio de Gráficos, e este formato possibilita a compactação de várias cenas, que são passadas em sequência dando ideia de movimento. Os GIFs não possuem som, as próprias imagens transmitem a mensagem desejada. Um gif na realidade produz um loop, onde indefinidamente a mesma cena está ocorrendo. No caso de um gif Doste, o movimento reproduz o movimento que nosso olho faria caso a imagem fosse estática.
produzir uma imagem gif ou criar um GIF é mais simples do que se pode pensar. Existem diversos aplicativos e ferramentas online na internet que produzem imagens em GIF a partir de vídeos.
Além disso, o próprio WhatsApp possui a opção de criar um GIF em vídeos que possuem até 6 segundos, ou se você usa iPhone é possível criar gifs a partir das live fotos, no próprio WhatsApp.
Veja a seguir alguns sites e aplicativos onde podemos encontrar e criar GIFs:
Para criar gifs usando o iPhone:
Passo 1. No WhatsApp, abra uma conversa individual ou grupo. Em seguida, selecione o botão de "+", no canto esquerdo da tela. Escolha a opção de "Fotos e Vídeos".
Passo 2. Será exibida sua galeria com imagens e vídeos salvos no celular. Escolha umas das suas Live Photos, que são indicadas por um pequeno ícone circular no canto da miniatura. Em seguida, pressione até que a imagem seja exibida na tela e arraste para cima. Será exibido um menu na base da tela. Escolha a opção "Selecionar como GIF".
Abra uma Live Photo e selecione enviar como GIF no iPhone
Passo 3. O WhatsApp vai exibir a pré-visualização do GIF animado com a Live Photo. Note que há um marcador no topo direito no qual o usuário pode enviar como GIF ou vídeo (ícone de câmera). Adicione uma legenda, caso queira, e toque no botão de seta para enviar.(
Mannara, 2018)
Efeito Droste usando gif
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(Continuará)
Fonte
EISNER, Will. Quadrinhos e arte seqüencial. 3ª.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
EISNER, Will. Narrativas Gráficas: Princípios e práticas da lenda dos quadrinhos. 2ª ed. São Paulo: Devir, 2008.
Diener, 2010. Mise-en-abyme e Repetição. O efeito da repetição em videoclipes.