INÍCIO

26 abril 2025

TORRE DOS VENTOS

A TORRE DOS VENTOS DE ATENAS
Το Ωρολόγιο του Κυρρήστου 
O HOROLOGIO DE KYRRÉSTOUS
Πύργος των Αέρηδων
A TORRE DOS VENTOS


A Torre dos Ventos, em grego antigo, Ωρολόγιο του Κυρρήστου, Horológio tou Kyrréstou, ou Αέρηδες, Aérides, é um fascinante monumento da antiguidade localizado na Ágora Romana de Atenas, na Grécia. Construída no século I a.C., ela combina funções de relógio solar, relógio de água (clepsidra) e cata-vento, sendo uma das estruturas mais engenhosas do mundo clássico. (Para mais fotos, Aqui).

Aérides ou Horologion de Cirro (Torre dos Ventos), Atenas.

Aérides pronuncia-se: Ah-éh-ri-des, é o nome pelo qual ficou conhecido o antigo monumento localizado nas encostas norte da Acrópole de Atenas, no espaço da Ágora Romana, no bairro de Plaka. 

Sua denominação oficial é Ωρολόγιο του Κυρρήστου, Horológio de Cirro, pronúncia-se: O-ro-ló-ghi-o tu Kir-rís-tu, e acredita-se que foi construído por Andrônico de Cirro (ou Kyrrestes). 

Trata-se de um edifício octogonal de mármore, sem colunas, onde em cada um de seus oito lados estão representados em relevo os oito ventos principais – daí o nome “Aérides” que significa: os ventos. 

Possui duas portas, uma voltada para o Norte e outra para o Oeste. 

Ωρολόγιο του Κυρρήστου em grego, é uma torre octogonal de mármore pentélico na Ágora Romana de Atenas, nomeada em homenagem aos oito grandes relevos representando os deuses dos ventos em seu friso superior. Sua data é incerta, mas foi concluída por volta de 50 a.C., como mencionado por Varrão em seu “De re Rustica”, de cerca de 37 a.C. É um dos poucos edifícios da antiguidade clássica que ainda permanece praticamente intacto, principalmente por ter sido continuamente ocupado para uma série de funções diferentes ao longo do tempo.

Planta baixa do edifício

Vistas laterais e superior do Horológio

Origem e Construção

• Arquiteto
Andrônico de Cirro ou Andrônico Cirreste, grego antigo: Ἀνδρόνικος Κυρρήστης, Andrónikos Kyrrhēstēs; fl. c. 100 a.C., foi um astrônomo, matemático, engenheiro e arquiteto macedônio mais conhecido por projetar a Torre dos Ventos na Atenas romana (helenístico).
 
• Datação
Por volta de 50 a.C., durante o período helenístico, antes da dominação romana. 

• Localização
Situa-se próximo à Ágora Romana, o centro comercial e administrativo da Atenas antiga. 

Funções da Torre

1. Cata-vento (weathervane) 
• No topo da torre, havia uma estátua de Tritão (um deus marinho) segurando um bastão que girava com o vento, indicando sua direção. 
• Cada um dos oito lados da torre representa um vento diferente, com relevos esculpidos das divindades dos ventos. 

2. Relógio Solar
• Possuía marcadores de tempo em suas paredes externas, onde as sombras do sol indicavam as horas no decorrer do dia. 

3. Relógio de Água (Clepsidra)
• Quando o sol não estava visível (à noite ou em dias nublados), um mecanismo hidráulico interno marcava o tempo usando água que vinha de uma nascente na Acrópole. 


Arquitetura e Simbolismo

Como vimos, Andrônico de Cirro (ou Cyrrhus) foi um astrônomo e arquiteto grego do século I a.C., conhecido por classificar os ventos e construir a Torre dos Ventos ou Horologion em Atenas. A Torre dos Ventos é um relógio hidráulico e meteorológico que representa os oito ventos principais da mitologia grega, cada um associado a uma direção cardinal.

• Formato: Octogonal (8 lados), com cerca de 12 metros de altura. 
• Relevos dos Ventos: Cada face tem uma figura alada representando um vento: 
• Bóreas (Norte): Vento frio do inverno. 
• Kaikias (Nordeste): Trazia granizo. 
• Apeliotes (Leste): Associado à colheita. 
• Euro (Sudeste): Vento úmido. 
• Noto (Sul): Vento quente de verão. 
• Líps (Sudoeste): Vento favorável à navegação. 
• Zéfiro (Oeste): Vento suave da primavera. 
• Skíron (Noroeste): Vento frio do inverno. 

Os Oito Ventos e suas Direções indicadas no topo da Torre dos ventos. Esses ventos eram representados na Torre dos Ventos em relevos, cada um com suas características iconográficas (como barba, roupas ou instrumentos). A torre funcionava como uma rosa dos ventos gigante, ajudando os atenienses a prever o tempo e marcar as horas.
1. Bóreas (N). Vento do norte, frio e forte, associado ao inverno. 
2. Kaikias (NE). Vento do nordeste, traz tempestades e granizo. 
3. Apeliotes (E). Vento do leste, suave e associado ao nascer do sol. 
4. Eurus (SE). Vento do sudeste, muitas vezes ligado ao calor úmido e chuvas. 
5. Notos (S). Vento do sul, quente e úmido, traz chuvas de verão. 
6. Lips (SO). Vento do sudoeste, favorável à navegação, soprando da Líbia. 
7. Zéfiro (O). Vento do oeste, suave e associado à primavera. 
8. Skiron (NO). Vento do noroeste, frio e seco, traz o fim do verão. 


História e Redescoberta

• Construído no primeiro século antes de Cristo 
• Na era bizantina, a torre foi usada como igreja cristã.
• Durante o período otomano, serviu como local de reunião para dervixes (místicos sufistas). 
• No século XVIII, o arquiteto britânico James Stuart redescobriu e documentou a torre em sua obra “The Antiquities of Athens”, ajudando a reviver o interesse por sua arquitetura. 

A Torre dos Ventos Hoje

• É um dos monumentos antigos mais bem preservados de Atenas. 
• Foi restaurada no século XIX e hoje é uma atração turística importante. 
• Inspirou construções semelhantes em outras cidades, como a Torre dos Ventos em Sevastopol (Crimeia). 

Legado
A Torre dos Ventos é um testemunho do avanço científico, meteorológico e arquitetônico do mundo helenístico, combinando astronomia, engenharia, arquitetura, ciência meteorológica, cronologia, e arte em uma única estrutura.

Curiosidade
A Torre dos Ventos é um dos monumentos mais bem preservados da antiguidade e serviu como relógio solar, cata-vento e clepsidra (relógio de água). Seu nome popular, “Aérides”, vem justamente da representação dos ventos em suas paredes.


Αέρηδες καθιερώθηκε να λέγεται αρχαίο μνημείο που βρίσκεται στους βόρειους πρόποδες της Ακρόπολης Αθηνών, στον χώρο της Ρωμαϊκής Αγοράς στην Πλάκα. 
Η επίσημη ονομασία του είναι Ωρολόγιο του Κυρρήστου και θεωρείται πως το ανήγειρε ο Ανδρόνικος ο Κυρρήστης (ή Κύρρηστος). Πρόκειται για οκταγωνικό μαρμάρινο κτίριο, χωρίς κίονες, όπου στις ισάριθμες μετόπες του φέρονται ανάγλυφοι οι οκτώ κύριοι άνεμοι, εξού και η ονομασία «Αέρηδες». Φέρει δύο θύρες, μία προς Βορρά και μία προς Δύση.

Pronúncia das palavras gregas

1. Αέρηδες (Aérides) → Ah-éh-ri-des (significa: os ventos) 
2. Ωρολόγιο (Horológio) → O-ro-ló-ghi-o (relógio) 
3. Κυρρήστου (Kyrestu/Kyrrestes) → Kir-rís-tu (referente a Cirro, cidade de origem de Andrônico) 
4. Ανδρόνικος ο Κυρρήστης (Andrónikos o Kyrrestes) → An-dró-ni-kos o Kir-rís-tis 
5. Πλάκα (Plaka) → Plá-ka (bairro turístico de Atenas onde está a Torre dos Ventos) 
6. Οκταγωνικό (Oktagonikó) → Ok-ta-go-ni-kó (octogonal) 
7. Μαρμάρινο (Marmárino) → Mar-má-ri-no (de mármore) 
8. Μετόπες (Metópes) → Me-tó-pes (painéis ou espaços entre colunas) 
9. Άνεμοι (Ánemi) → Á-ne-mi (ventos) 


Friso da Torre dos ventos, denominação oficial: Horológio de Cirro, Ωρολόγιο του Κυρρήστου, Horologio to Kyrristou, pronuncía-se: O-ro-ló-ghi-o tu Kir-rís-tu, construído por Andrônico de Cirro (ou Kyrrestes) no séc. I a.C.

“Oh Tritão, para onde soprará o vento hoje?”

Um catavento, na forma de um Tritão, um deus marinho, com cauda de peixe no lugar das pernas, que ficava no topo da Torre dos Ventos, indicando a direção do vento com seu cetro de bronze.

Um observatório meteorológico no Centro de Atenas  

Um Cata-Vento Antigo, um relógio de Sol, uma “biruta” e uma Clepsydra

Marcus Vitruvius Pollio, foi um arquiteto romano que viveu no século I a.C. e deixou como legado a obra "De Architectura" (10 volumes, aprox. 27 a 16 a.C.), o único tratado europeu do período grego-romano que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos textos sobre Arquitetura e Urbanismo, Hidráulica, e Engenharia, desde o Renascimento. Os seus padrões de proporções e os seus princípios conceituais, “utilitas” (utilidade), “venustas” (beleza) e “firmitas” (solidez), inauguraram a base da Arquitetura clássica.

Esse autor, Vitrúvio, reconheceu Andrônico, cientista de Cirro, na Macedônia, por seu trabalho de classificar os ventos em mais de 4 categorias, além de aplicar princípios construtivos clássicos na produção da Torre dos Ventos. 

A torre do Horológio de Cirro, ou Torre dos Ventos, elevava-se a cerca de 12 metros acima da Ágora, permitindo que todos os cidadãos de Atenas determinassem o tempo e as condições climáticas quando quisessem, ou consultassem a hora através de uma Clepsydra ou olhando a sombra lançada pelos gnômons dos relógios de Sol ali existente. Essa construção notável ficou conhecida como Aérides, que em grego significa “os ventos”.

Torre dos ventos ou Aérides







Boreas (vento norte) à esquerda e Skíron (vento noroeste) à direita.


Métodos Gregos Clássicos de Medição do Tempo

O erudito romano Varro chamou-a de Horologium, Relógio, pois as pessoas podiam facilmente determinar a hora do dia observando onde a sombra do Sol caía sobre os relógios solares gravados em suas paredes.

Quando esse método se tornava ineficaz, como à noite ou durante dias chuvosos, um relógio de água ou clepsidra dentro do edifício calculava o tempo.

Clepsidra, é o nome dado a um relógio que marca o tempo através de um fluxo regulado de água. No caso da Torre dos ventos, a clepsidra utilizava água de uma nascente ao pé da Acrópole. Essa água salgada era cuidadosamente conduzida até o local através de canais subterrâneos.


Notas
1. “Horologium” foi mantido em latim (como no original) por ser um termo técnico, seguido da tradução.
2. Relógio de água (Water-clock) é o termo técnico que designa um mecanismo antigo que média o tempo através do escoamento da água.
3. “Clepsydra” é o nome específico do mecanismo (relógio de água, já consagrado em estudos de arqueologia em muitos povos antigos sobretudo no Egito e Grécia.


Interior da Torre dos Ventos. Image Credit: Wikimedia Commons.

Uma Descoberta Peculiar

James Stuart, o arquiteto britânico do século XVIII, conta uma anedota interessante sobre como descobriu este mecanismo escondido sob toneladas de escombros. A torre era então o lar de um grupo de dervixes turcos rodopiantes, cujo líder lhe deu permissão para escavar dentro do edifício.

Interior of the Tower from the time when Ottoman dervishes gathered there.

Sua planta foi definida em um círculo com um diâmetro de cerca de 8 metros, em forma de octógono. Stuart encontrou o edifício semienterrado, com apenas uma de suas duas portas permitindo o acesso. Originalmente, pequenos pórticos de entrada ladeavam a torre a nordeste e noroeste.

Características Arquitetônicas

O desenho dos capitéis, que revestem as colunas abaixo dos frontões, era tão incomum que recebeu o nome da torre. O conjunto superior de folhas é plano em comparação com o tipo coríntio abaixo, que não termina em volutas.

Capitéis das colunas da Torre dos Ventos. 

A torre tinha 8 lados marcando seus limites. Cada um deles tinha um relevo representando o vento que soprava naquela direção. Um vento de uma direção específica era, naturalmente, representado na forma da divindade que ele nomeava.


Segredos dos Deuses do Vento

A descrição do edifício feita por Stuart em suas Antiguidades de Atenas é a mais rigorosa e completa entre seus contemporâneos. É por isso que ilustramos a descrição de cada vento com os desenhos que Stuart publicou. Todos eles aparecem com suas asas voando no ar. No friso, relevos representavam as oito divindades gregas para o vento, segundo sua direção: Bóreas (N), Kaikias (NE), Eurus (E), Apeliotes (SE), Noto (S), Lips (SO), Zéfiro (O) e Siroco (NO).

Boreas.
Bóreas, o vento norte (N), traz tempestades que produzem sons uivantes, como quando sopramos através de uma concha, que ele segura na mão. Ele está bem agasalhado e usa um par de coturnos, que era o antigo substituto dos sapatos. Geralmente eram feitos de couro com cadarços que iam até as panturrilhas.

 
Kaikias
Kaikias, o Deus do vento do nordeste (NE), carrega tempestades de granizo e, às vezes, neve, retratadas em seu escudo. Por causa de sua alça, Stuart discordou de outros que acreditavam que se tratava de uma tigela de azeitonas, nutridas por esse vento.

Apeliotes
Apeliotes, o Deus-vento soprando do sudeste (SE), impulsiona a agricultura simbolizada pelas frutas, vegetais e grãos em seu manto.

Eurus
Eurus, o Deus-vento do Leste (E) causa uma atmosfera úmida refletida em sua expressão mal-humorada.

Notus 
O jovem Notus Deus-vento do sul (S) segura uma ânfora cheia de água, pois ele geralmente é o portador das chuvas.

Libs 
Libs, o Deus-vento do sudoeste (SO) tinha uma relação próxima com os navios à vela, o que fica evidente pelo aplustre em sua mão. Um aplustre, chamado aphlaston em grego, era uma peça de madeira em forma de leque que decorava a popa de navios antigos.

Zephyrus
Zéfiro, o Deus-vento do oeste (O), é bem-vindo na primavera, espalhando flores.


Skíron ou Sciron
O Sciron (Siroco) o Deus-vento do noroeste (NO) do inverno tem um utensílio de bronze cheio de brasas para se manter aquecido.


Ilustração mostrando as duas entradas ou pórticos da Torre dos ventos. 


Relevância histórico-arquitetônica e inspiração

O uso do octógono por Frank Lloyd Wright em seus primeiros trabalhos no final do século XIX desempenhou um papel crucial no advento da Era da Diagonalidade no início do século XX.(1)
A Torre dos Ventos foi construída pelo astrônomo grego Andrônico de Cirro (ou, como alguns autores registram, Andronikos Cyrrhestes, ou ainda, conforme a grafia de um tradutor do grande arquiteto romano Vitrúvio, e que a atual Encyclopædia Britannica adota, Andronicus de Cyrrhus). Agora totalmente escavada, a construção é uma estrutura notável e imponente que repousa sobre um estilóbato de três degraus. Nas faces nordeste e noroeste existiam (ou ainda existem) pórticos com colunas coríntias estriadas de 4,11 metros de altura.

Uma câmara circular projeta-se do lado sul e provavelmente era usada como reservatório para abastecer as funções internas com água. Vinte e quatro blocos de mármore compõem o telhado, e a parede externa da torre é lisa até uma altura de 8,84 metros, exceto pelas linhas incisas que fazem parte do relógio de sol.

Sua importância em relação à diagonalidade reside no fato de ser uma das primeiras construções da história a adotar uma planta octogonal. Em parte graças à Torre dos Ventos, o octógono tornou-se uma das formas não ortogonais mais influentes e frequentemente utilizadas na história da arquitetura.

Torre dos Ventos: 
Função, Importância e Simbolismo

Como já sabemos a torre foi construída para identificar a direção do vento por meio de um cata-vento e medir a passagem do tempo utilizando tanto um mecanismo hidráulico quanto relógios solares. 

Próximo ao topo da torre, na métopa, há um friso em baixo-relevo representando os diversos ventos, cada um voltado para a direção de onde sopra (ou seja, os pontos cardeais e colaterais). No topo da estrutura, há uma peça de mármore em formato cônico, originalmente encimada por um cata-vento de bronze em forma de Tritão, que segurava uma haste em sua mão direita. (1)

Assim como a direção do vento é hoje uma informação crucial para previsões meteorológicas, viagens aéreas e lançamentos espaciais, na Antiguidade conhecer sua origem era vital por questões de navegação e sobretudo de saúde, como revela a citação abaixo do grande escritor romano Vitrúvio. Segundo Vitrúvio, o cata-vento girava com o vento, posicionando a escultura de frente para a direção predominante. A haste apontava então para o baixo-relevo correspondente, identificando qual vento estava soprando. 

No Capítulo VI de “Os Dez Livros da Arquitetura”, intitulado “A Orientação das Ruas: Observações sobre os Ventos”, Vitrúvio detalha os motivos por trás da construção da Torre dos Ventos. Ele começa expressando preocupação com o posicionamento adequado das ruas em cidades já fortificadas, afirmando que: 

“Os ventos frios são incômodos, os quentes debilitantes e os úmidos, nocivos à saúde.”

Como exemplo, ele cita a cidade de Mitilene, na ilha de Lesbos, que, apesar de bem planejada e magnífica, sofria com os ventos: 

“Quando o vento sul sopra, as pessoas adoecem; quando é noroeste, tossem; e com o vento norte, até se recuperam, mas não conseguem permanecer nas ruas e vielas devido ao frio intenso.”

Ele conclui defendendo que bloquear os ventos prejudiciais das moradias melhora a saúde dos moradores da cidade. 
Ele continua: 

“Ao bloquear os ventos de nossas moradias, portanto, não apenas tornaremos o local saudável para pessoas em boa saúde, mas também, no caso de doenças causadas por situações desfavoráveis em outros lugares, os pacientes que em outros locais saudáveis poderiam ser curados por um tratamento diferente, aqui se recuperarão mais rapidamente graças à suavidade proporcionada pela proteção contra os ventos. As doenças difíceis de curar em regiões como as que mencionei acima são catarros, rouquidão, tosses, pleurisias, tuberculose, hemoptise e todas aquelas que são tratadas não pela redução do organismo, mas por seu fortalecimento. São difíceis de curar, primeiro porque têm origem em resfriamentos; segundo, porque o organismo do paciente, já debilitado pela doença, é ainda mais enfraquecido pelo ar desses locais - que está em constante agitação devido aos ventos e, portanto, deteriorado - sugando toda a vitalidade dos corpos enfermos e deixando-os mais debilitados a cada dia. Por outro lado, um ar suave e denso, sem correntes e não constantemente agitado, fortalece seus corpos por sua estabilidade constante, e assim revigora e restaura as pessoas afligidas por essas doenças.”

1. Alguns sustentaram que existem apenas quatro ventos: Solano, do leste; Austro, do sul; Favônio, do oeste; e Setentrião, do norte. Mas investigadores mais cuidadosos afirmam que são oito. Ele então prossegue dizendo que o principal entre esses foi Andrônico de Cirro, que como prova, construiu a torre octogonal de mármore em Atenas.

2. Assim, Euro é colocado no sudeste, entre Solano e Austro; Áfrico, no sudoeste entre Austro e Favônio; Cauro, ou como muitos o chamam, Coro, entre Favônio e Setentrião; e Áquilo, entre Setentrião e Solano. Tal parece ter sido seu esquema, incluindo o número e nomes dos ventos e indicando as direções de onde sopram ventos específicos.

Portanto, que as direções de suas ruas e vielas sejam traçadas seguindo as linhas divisórias entre os quadrantes de dois ventos.

1. “Por este princípio de organização, a força incômoda dos ventos será bloqueada das moradias e alinhamentos de casas. Pois se as ruas estiverem diretamente voltadas para os ventos, suas rajadas constantes, avançando desde o campo aberto e depois confinadas por vielas estreitas, varrerão as ruas com grande violência. Os alinhamentos de casas devem, portanto, ser orientados para longe dos quadrantes de onde sopram os ventos, de modo que quando chegarem, possam se chocar contra os ângulos dos quarteirões e sua força assim ser quebrada e dispersa.”(1)

O simbolismo da Torre dos Ventos. 

A Torre dos Ventos ou Horologion de Andrônico de Cirro, ou Aérides em Atenas é um monumento antigo que possui um rico simbolismo para o povo ateniense e para a cultura grega em geral. Construída no século I a.C., ela representa uma fusão de funcionalidade prática, conhecimento científico e significado cultural. Seu simbolismo pode ser entendido em várias dimensões:

1. Sabedoria e Progresso Científico
A Torre dos Ventos era um relógio solar, hidráulico e uma biruta meteorológica, demonstrando o avanço da engenharia e astronomia gregas. 
Suas oito faces correspondem aos oito ventos principais da mitologia grega, representados em relevos (como Bóreas, o vento norte, e Zéfiro, o vento oeste). Isso simboliza a compreensão humana da natureza e a tentativa de dominá-la através do conhecimento. 

2. Conexão com os Deuses e a Natureza
Os ventos eram considerados divindades na Grécia Antiga, como Éolo, deus dos ventos. A torre servia como um elo entre o celestial e o terrestre, mostrando como os fenômenos naturais eram sagrados. 
Sua função como marcador de tempo (com relógios de sol e água) também a ligava aos ritmos cósmicos e divinos. 

3. Poder Cívico e Identidade Ateniense
Localizada na Ágora Romana centro comercial e administrativo, a torre simbolizava o orgulho da cidade como centro de cultura e tecnologia. 
Era um símbolo da “pax romana”no período de dominação romana, mostrando como Atenas mantinha sua importância intelectual mesmo sob novo governo. 

4. Resistência e Memória Histórica
Ao longo dos séculos, a torre foi usada como igreja cristã, mesquita otomana e até depósito, refletindo as mudanças culturais de Atenas. Para os gregos modernos, ela é um símbolo de resiliência da herança clássica. 

5. Inspiração Arquitetônica e Cultural
Sua forma octogonal influenciou construções posteriores (como torres de vento em outras cidades e até a arquitetura islâmica). Hoje, é um lembrete do legado grego na ciência e na arte. 

Para o povo hoje. Para os gregos contemporâneos, a Torre dos Ventos é um monumento à identidade nacional, um testemunho do passado glorioso de Atenas e um símbolo da eterna busca pelo conhecimento. Também representa a harmonia entre funcionalidade e beleza, um princípio central da cultura helênica.  

Algumas fotos da Torre dos ventos















Conclusão 

O Horologion de Andrônico de Cirro, também conhecido como a Torre dos Ventos ou Aérides, é um dos monumentos arqueológicos mais fascinantes de Atenas, localizado na Ágora Romana, entre os bairros de Plaka e Monastiraki. É considerado a primeira estação meteorológica do mundo. 

A Torre dos Ventos foi construída em 48 a.C. (no primeiro século antes de Cristo) na Ágora Romana de Atenas, Grécia, mas permaneceu praticamente invisibilizada por muitos séculos, quase totalmente soterrada pelos escombros acumulados pelas mudanças de civilizações. Foi desenterrada em 1837 e 1845 pela Sociedade Arqueológica Grega.

Construído inteiramente em mármore pentélico na primeira metade do século I a.C. pelo astrônomo, engenheiro e arquiteto grego Andrônico de Cirro (natural de Cirro, na Macedônia), a torre tem formato octogonal, com 12 metros de altura e cada lado medindo 3,20 metros. Possui duas entradas nos lados nordeste e noroeste, onde originalmente havia um pórtico com duas colunas em cada uma, enquanto no lado sul há um anexo semicilíndrico mais baixo. O telhado cônico, coberto com telhas, era adornado por um Tritão de bronze, que funcionava como um cata-vento. 
O elemento mais impressionante do monumento, sem dúvida, são os oito ventos esculpidos em relevo nos lados das métopas, cada um com seu nome e símbolo: 
Bóreas (N)
Kaikias (NE)
Eurus (Leste)
Apeliotes (SE)
Notus (Sul)
Livas (SO)
Zéfiro (Oeste)
Skiron (NO)

A torre encantou viajantes e historiadores tanto por sua construção quanto por seu uso científico. Chamada de “Torre dos Ventos” ou “Templo de Éolo”, foi descrita em detalhes e classificada em dois estilos arquitetônicos: 
O exterior, devido aos pórticos e colunas, segue o estilo coríntio. 
O interior apresenta características do estilo dórico. 
Além de estação meteorológica, servia como torre-relógio, com relógios de sol para dias claros e um relógio hidráulico para dias nublados. Acredita-se que seu construtor combinou invenções de antigos criadores de relógios, como Arquimedes, Ctesíbio e Filon.
Nos primeiros anos do cristianismo, foi convertido em uma igreja ou batistério de um templo vizinho, e próximo à entrada nordeste havia um cemitério cristão. No século XV, era chamada de “Templo de Éolo”, e um viajante anônimo a descreveu como uma igreja. 
A Torre dos Ventos foi totalmente escavada no século XIX pela Sociedade Arqueológica Grega, e o bairro ao seu redor recebeu o nome de “Aerides” (que significa "ventos"), permanecendo até hoje como um dos locais mais pitorescos do centro histórico de Atenas. 

A Torre dos Ventos e sua Influência Arquitetônica

A Torre dos Ventos foi construída aproximadamente 240 anos após o famoso farol conhecido como Farol de Alexandria (Faros) ter sido erguido no Egito. Dada a importância que o Farol ocupava no imaginário arquitetônico e cultural dos povos mediterrâneos, é muito provável que ele, e especialmente seu modelo em escala reduzida em Abusir, no Egito, tenha influenciado a geometria octogonal da Torre dos Ventos. Ambas eram estruturas utilitárias e produtos do pensamento grego. Ambas refletiam uma orientação omnidirecional, diferente do alinhamento axial típico da arquitetura egípcia. Ambas tomaram uma figura da geometria plana e a transformaram em forma tridimensional. Assim, começava a ruptura com a arquitetura de ângulos retos.


Influência no Mundo Moderno

Segundo Levinson (2025), Thomas Jefferson possuía um exemplar do livro “The Antiquities of Athens” (1762), de James Stuart e Nicolas Revett, que continha desenhos detalhados da torre em seu estado original. Jefferson não foi o único a se maravilhar com essas imagens da antiguidade, esta obra e outras produzidas por estudiosos da época foram altamente influentes, alimentando o interesse pela arquitetura neoclássica durante o Iluminismo e popularizando o uso do octógono como motivo geométrico em projetos.

Réplicas ao Longo da História

O design da Torre dos Ventos foi reproduzido repetidamente:
1) O Observatório Radcliffe (século XVIII) em Oxford, Reino Unido
2) A Torre del Marzocco (século XV) em Livorno, Itália
3) O Templo dos Ventos em Mount Stewart, Irlanda do Norte
4) A torre em Sebastopol, Ucrânia (1849)
5) Mais recentemente, uma réplica foi construída por Clay Lancaster (1917-2000) em sua propriedade em Warwick, no Kentucky (EUA).

Todas essas réplicas podem não parecer, à primeira vista, um desenvolvimento tão importante, exceto pelo fato de que o octógono se tornou, ao longo do tempo, uma das formas não ortogonais mais influentes e frequentemente usadas na história da arquitetura.


Fonte
A bibliografia básica com fontes online confiáveis sobre a Torre dos Ventos de Atenas, incluindo artigos acadêmicos, recursos de museus e instituições especializadas.

1. Fontes Acadêmicas e Artigos

“The Tower of the Winds and the Roman Calendar”. American Journal of Archaeology
Acesso via JSTOR ou instituições acadêmicas

“Andronicus of Cyrrhus and the Tower of the Winds”
 Journal of Roman Archaeology

“Water Clocks in the Ancient World”. Scientific American (Menção à Torre dos Ventos) 
(Buscar por artigos relacionados)

2. Museus e Sítios Arqueológicos

Ministério da Cultura da Grécia – Torre dos Ventos
(Site oficial com informações históricas

American School of Classical Studies at Athens (ASCSA)
(Buscar por publicações sobre o monumento)

3. Enciclopédias e Bases de Dados

Encyclopædia Britannica. “Tower of the Winds”

Artigo sobre a Torre dos Ventos

Perseus Digital Library; Referências Clássicas
(Buscar por Horologion of Andronikos)

4. Documentários e Recursos Visuais

Ancient Athens 3D
Reconstrução da Torre dos Ventos
YouTube: 
Ancient Athens 3D
(Procurar pelo canal oficial)

Smithsonian Channel
Engenharia Romana/Grega
(Pode conter menções ao monumento)

5. Livros Digitais (
Google Books / Archive.org

Greek and Roman Technology
K.D. White (Disponível em trechos no Google Books)
Time in Antiquity. Robert Hannah (Capítulo sobre relógios antigos)

6. Pesquisa no DeepSeek 
DEEPSEEK CHAT. Resposta sobre (tema pesquisado). Data da consulta, 4 maio 2025. Disponível em: <https://chat.deepseek.com>. 
Acesso em: 04/maio/2025.











Observação
Alguns links exigem acesso institucional ou pagamento, mas muitos recursos estão disponíveis gratuitamente. Se precisar de artigos específicos em PDF, recomendo buscar no Academia.edu ou ResearchGate. 



Como são textos de diversas procedências achei importante citar algumas notas de tradução.

1. Mantive os nomes próprios nas formas mais consagradas em português, com alternativas entre parênteses quando relevantes
2. Converti as medidas para o sistema métrico (13'6" = 4,11m; 29' = 8,84m)
3. Utilizei termos técnicos de arquitetura como "estilóbato" e "colunas coríntias estriadas" por serem consagrados na área.
4. “Age of Diagonality” foi traduzido como “Era da Diagonalidade” por ser um termo específico da história da arquitetura.
5. Optei por “câmara circular” em vez de “câmara cilíndrica” por ser mais fiel ao original “circular chamber”.
6. Mantive o termo “diagonalidade” para manter consistência com a tradução anterior
7. “Footprint” foi traduzido como “planta” (no sentido arquitetônico de planta baixa), termo técnico mais adequado que “base” ou “formato”
8. “Non-orthogonal shapes” ficou como “formas não ortogonais”, tradução técnica precisa.
9. A estrutura do período composto foi mantida para preservar o estilo acadêmico do texto original
10. A expressão “in part due to” foi traduzida como “em parte graças a” para manter o tom do texto
11. Termos técnicos: “Weathervane” → cata-vento; band course/frieze → friso; bas-reliefs → baixos-relevos. 
12. Clareza: Frases foram adaptadas para um fluxo natural em português, mantendo o tom acadêmico. 
13. Citações: As palavras de Vitrúvio foram destacadas como citações diretas, conforme o original que possuo. 
14. Mantive os nomes dos ventos em sua forma latina (Solanus, Auster, etc.) por serem termos técnicos da meteorologia antiga.
15. Preservei a estrutura de enumeração (1., 2.) do texto original de Vitruvio.
16. “Pleurisy” foi traduzido como “pleurisias” (forma mais comum em português médico).
18. “Consumption” foi traduzido como “tuberculose” (termo moderno equivalente ao conceito antigo).
19. A tradução mantém o tom técnico-científico do original vitruviano, com adaptações para fluidez em português.
20. Os termos arquitetônicos como “lines of houses” foram traduzidos como “alinhamentos de casas” para manter a precisão técnica.
21. Termos técnicos: "omnidirecional" e nomes próprios originais
22. “Axial orientation” traduzido como “alinhamento axial”






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